Auto-descobrimento

Eu penso que sou modesta, mas tenho consciência de que, na maior parte do tempo, não sou. Queria ser mais humilde, mas sei que ainda guardo muito orgulho dentro de mim. Pensava que não, mas depois que passei a prestar um pouco mais de atenção em mim, do que nos que me rodeiam, percebi que muitas atitudes que pensava serem ditadas pela razão, o são pelo orgulho. Pela necessidade de não dar o braço a torcer.

Reflito muito no comportamento que assumimos diante dos outros, que muitas vezes nos violenta, pois vamos contra nossas convicções, para não atritarmos inutilmente com pessoas que não pretendem entender nossas razões. Por encontrarem-se enclausuradas demasiadamente, em seus próprios conflitos existenciais.

Não assumindo esses conflitos, pensando que basta “por os demônios para fora”, para eles se resolvam, vão alastrando sua dor, sua inconformidade com os fatos e vão juntando mais dor, mais atritos, por perderem a noção do respeito. Sequer respeitam a si próprios.

Relutei muito tempo, até me dar por vencida e procurar ajuda terapêutica. Dei voltas e mais voltas, até que tomei uma decisão. Para pô-la em execução, eu precisava de apoio. Foi uma das melhores coisa que já fiz. Foi aí que começou minha caminhada em busca do auto-conhecimento. Ainda tenho impulsos que me mergulham no meu desconhecido interior. Mas, os instrumentos que o terapeuta me forneceu, me permitem reconhecê-los e estudá-los, até compreendê-los.

Aprendi que lutar contra algo é perpetuá-lo. Lutar contra nossas imperfeições, as fortalece. Reconhecendo-as, estudando-as, encontramos a melhor maneira de neutralizá-las. Assim, ao invés de combatê-las, ignorá-las, usemo-las para o bem, como parâmetros daquilo que não devemos fazer.

Se sou rude, se uso da liberdade até invadir a do outro, se não percebo os limites que o bom senso dita, cada vez que um rompante me levar a abrir o verbo destemperadamente, respiro fundo, penso que depois não posso apagar o que fiz ou falei e tento aquietar esse eu que desejo domar.

Não é num piscar de olhos que conseguimos esse despertar. É um processo longo, dolorido e incansável. Mas, vale a pena começar. Os frutos desse processo, são doces.

07/01/2007