ATÉ QUE A MORTE OU O MUNDO NOS SEPARE

O casamento é plano de Deus para a vida do ser humano. O primeiro milagre de Jesus aconteceu numa festa de casamento em Caná da Galileia, quando faltou vinho. A família, nos moldes sonhados por Deus, é uma benção para homens e mulheres, que sonham em cumprir essa orientação divina, abençoada e reconhecida desde o Éden, quando Deus criou e formalizou o primeiro casal.

Isso não significa que, dito o sim, uma magia de conto de fadas vai acontecer e ambos serão felizes para sempre. Por outro lado, lutas, divergências, discussões não significam que o casamento esteja mal, que deva ser encerrado por “incompatibilidade de gênios.”.

As diferenças de pensamentos, de pontos de vista são normais na convivência entre pessoas que nasceram em situações diferentes, em lares diferentes, recebendo educação desigual, além de costumes e hábitos adquiridos cultural e separadamente.

O amor, a compreensão, e o perdão são ingredientes indispensáveis para que o relacionamento não desabe por água abaixo, terminando em separação e, muitas vezes, num clima de ódio mortal, o que não é incomum nestes dias, em que o amor tem-se esfriado em muitos.

Todos que passaram pela experiência de um enlace matrimonial ou presenciaram o dos outros, conhecem as palavras que são repetidas diante do altar: pessoas dizem “sim” na presença de testemunhas humanas, quando prometem amar, respeitar o outro, por todos os dias de suas vidas. Também e, principalmente, prometem ser fiéis na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na presença de Deus. Portanto, tem valor de juramento.

Naquele momento cheio de glamour, a maioria das pessoas encara essas palavras como um mero protocolo cerimonial, tampouco medita no peso de cada palavra falada, no compromisso que se está assumindo e deve ser cumprido, pois o nosso sim deve ser sim e o não deve ser não, fugindo, assim, da influência do maligno. Mateus 5:37.

Amor apenas não basta, é importante, mas, amor sem comprometimento não é alimentado corretamente e sua tendência natural é para o fracasso. O número de separação é alarmante, tudo acontecendo em nome da modernidade, pois, “os tempos são outros”, dizem alguns, e ninguém é obrigado a suportar. E não é mesmo, pois o amor não pode ser considerado uma mera obrigação.

Um dia, recebemos um chamado. A esse chamado, dizemos sim e esse sim, por si somente, não faria sentido, se não fosse acompanhado por um envolvimento sincero, capaz de gerar frutos. Bons frutos, pois a árvore que não dá bons frutos deve ser cortada e arremessada no fogo.

Também, assim, muitos dizem ter aceitado a Jesus e parecem sinceros, se emocionam, sentem-se atraídos pela palavra, procuram seguir, frequentam os cultos, se destacam ou demonstram boa vontade em aprender os ensinamentos nos cursos bíblicos, mas não foram criadas fortes raízes nesse enlace. Sementes que caem em terreno rochoso.

Na maioria dos casos, falta de intimidade com Deus, de confiança na Sua inigualável misericórdia e no Seu agir. Por desconhecimento do caráter divino, pessoas acreditam que, se houve conversão, sua vida será uma repetição de sucessos, de alegria e paz, como se o paraíso de Deus fosse aqui. Isso Jesus não pode prometer. “Na vida, tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jo 16:33. Que promessa animadora para os que creem!

No casamento referido no início, falamos de compromisso. No encontro com Cristo, também há de haver um comprometimento, não somente com Jesus, mas com a obra de salvação que deve ser estendida a outros que necessitem de luz. Fora disso, existe apenas uma farsa, uma ilusão infrutífera e banal e a obra espiritual não pode ser banalizada, para que a semente não se resvale para a margem do caminho.

Hoje em dia, numa disputa de emprego, são analisadas as credenciais de uma pessoa, concentrando-se o interesse patronal no diferencial que, realmente faça a “diferença”. Quem não pode se especializar, buscar cursos de capacitação e especialização, outro idioma, compete em situação desigual, de inferioridade.

Na vida cristã, no compromisso com Cristo, o diferencial é importante de uma forma incomum, pois não é para ser selecionado, mas para alcançar e promover a outros, buscando estender a oportunidade de conversão ao maior número possível de pessoas: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo...” Marcos 16:15.

Como num casamento terreno, alguns itens devem ser observados nesse encontro com Jesus. A aceitação é semelhante, pois o “sim” deve ser dito, em ambas as situações, pois o “não” tudo desfaz, anula a tentativa de se comprometer e de se relacionar.

A maior dificuldade nos dois casos é a fidelidade. Ser fiel em todas as situações, nos bons e maus momentos. Muitos que se dizem fiéis no altar, basta surgirem problemas de ordem emocional, impedimentos físicos, crise financeira ou divergências, para se acreditar que o casamento foi um engano e que deve ser encerrado. Quando não acabam, se arrastam por anos, sem restauração e sem perdão.

Também no relacionamento com Jesus, muitas vezes não se consegue ser fiel na tristeza, nas lutas e dificuldades, quando as coisas vão mal e parecem de difícil solução. Há um abalo nesse relacionamento, um estremecimento que pode levar à ruptura, da parte humana, é claro. A falta de comprometimento gera infidelidade, esta ao afastamento e à deserção.

Em todos os dois exemplos, a semente caiu entre cascalhos e sua raiz não se aprofundou: sendo superficial, se queima pelo sol da fraqueza e não consegue suster o peso e se manter de pé o compromisso assumido, com tamanha emoção!

“... Amando-te e respeitando-te em todos os dias de minha vida”, é uma frase que, por mais ouvida que seja ou tenha sido, parece não ser compreendida no seu pleno sentido. Há muitos sentimentos confundidos com amor. Sentimentos que não passavam de mera ilusão, pois, em face de problemas, perdem o brilho e a importância e se mostram sem qualquer disfarce, ou máscaras. O respeito não se estabelece nessa condição e o relacionamento se ressente, inevitavelmente. Não existe amor sem respeito.

Também quando nos convertemos a Cristo, reconhecemos não existir amor sem reverência, sem exortação, sem respeito e acatamento à Palavra, por todos os dias de nossa vida, até que a morte não nos separe, mas nos reúna para sempre. São duas situações, pontos cruciais sobre o que precisamos nos debruçar e ponderar. Sempre, para honra e glória do Senhor!