Da Caminhante Desconhecida

Da Caminhante Desconhecida

Uma caminhante desconhecida descansava na encosta de uma montanha.Dentro de sua mochila surrada, estava tudo o que possuía.Solitária em sua escalada; nada nem ninguém interferia no ritmo dos seus passos.Nenhum gesto de incentivo, nenhuma palavra de reprovação.Se olhasse para traz (para baixo), o que enxergaria, seriam as antigas peças que já não faziam parte de sua bagagem.Na medida em que a subida se tornava mais íngreme, maior era a necessidade de aliviar o peso.Já havia se libertado dos medos, das decepções, dos desejos...(itens de menor valor em sua lista de apegos).Depois foram dispensados o ressentimento, o ciúme, a inveja...E, assim, de acordo com cada etapa da escalada, escolhia entre o que já podia ser jogado fora e o que ainda precisava ser mantido como bagagem.Poucos momentos antes dessa rápida parada para o descanso, havia se libertado de uma peça maior que as demais : tratava-se da ambição.Ainda sentada, vasculhou o interior da mochila e se deu conta de que só restavam mais duas peças : orgulho e egoísmo.

Pouquíssimos são os que chegaram a conviver com essa estranha caminhante. Mas quem já alcançou o ponto da montanha onde ela se encontra e já desfrutou da recompensa de conhece-la, conta que ela atende pelo nome de Simplicidade.

Dez/2012

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 08/07/2014
Reeditado em 29/12/2023
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