PERNAMBUCO ESTÁ DE LUTO...

"Sempre reflito muito sobre a morte. Sobre morrer. Na verdade devemos sempre refletir por estarmos vivos! Acordar, trabalhar, semear, lamentar, escolher, colher, (se) recolher.

Provavelmente por acreditar num outro 'viver', viva buscando entender o 'estar' ou 'não estar' vivo. Leonardo da Vinci muito contribuiu com o estudo da anatomia tentando encontrar o elo, o ponto, o encontro, entre a vida e a morte num corpo humano. Michelangelo tentou descrever a vida, e pintou a 'Criação de Adão'.

Encontraremos, ó Pai, alguma resposta um dia? O filho, que vive na saudade da mãe, morrerá um dia? O filho, que conhecerá, (e se reconhecerá n)o pai, por meio dos livros de 'história' e dos retratos tecnológicos, de momentos e fragmentos do passado, verá a 'morte' do pai? Ó Pai, viveremos até morrer? Ou morreremos ao viver?

Quantas questões assombram os homens. Grandes homens, ínfimas réplicas de um 'eu' maior! Se com nossos atos, esfacelamos nossa vida (e outras vidas), como nossa carne se dilacera, como viver de forma austera? E assim, os homens vivem e sobrevivem a cada dia. Programando suas vidas, arremetendo segundo à programação do destino. Do Teu programa! Alçam voos maestrais, conquistam nações, corações, ilusões. A ilusão do viver. Eternamente viver. Esquecem o 'morrer'! Mas como preparar uma agenda com espaço para a morte? Tantas atribuições num só dia! Em que dia marcaremos nossa morte? Ó Pai, poderias nos dar mais um tempo? Quem sabe mais uns dias? Ou melhor, décadas! Teria um tempo ideal para morrer? Estaremos algum dia, aptos à nossa mais sublime posição? Aptos à posição que nos iguala? Nos coloca frente a um mundo de 'iguais', onde cegos, surdos e mudos poderão ver, ouvir e falar! Num mundo onde não haverá injustos ou injustiçados. Castigos ou castigados.

Dá-nos tempo, Pai, para as despedidas! Como poderei agendar um cumprimento aos meus amigos e 'seguidores'? Terei tempo? Saberei dar a atenção devida a cada amigo? Saberei distinguir, dentre os que hoje me escutam avidamente, aqueles que diante da minha morte me darão mais que um minuto de silêncio? Dentre os que anseiam por seguir minhas coordenadas, saberei distinguir os que seguirão outros desbravadores? Dentre os que me aplaudem ansiosos, saberei distinguir aqueles que me levarão à sepultura? Saberei distinguir os que lá me abandonarão, dos que me trarão vivos na memória? Conseguirei, ó Pai, distinguir aqueles que em mim depositam toda sua esperança, daqueles que pegam minha esperança por empréstimo? Conseguirei deixar para trás os sorrisos fáceis e dóceis, e me agarrar à dor da saudade insana, dessa minha vida surreal e mundana, repleta de sonhos e ideais a cumprir? Seguirei contigo, Pai, em outras planícies e planaltos, ou padecerei de saudade, como a mãe, que nunca se despede do filho? Quisera, Senhor, todos fossem como a Mãe, que sempre trará o Filho vivo. Pois a Mãe, aquela nossa doce Senhora, viu seu Filho nascer e renascer.

Apenas Teu Filho, Pai, teve e fez uso desse tempo, e convidando seus amigos, compartilhou do seu pão e seu vinho. E como um bom filho, que segue as últimas orientações do Pai, alimentou ao corpo e à alma, tanto daquele que o seguiria, como daquele que o negaria, quanto aquele que o trairia. Um Filho que não viu a morte do Pai! Viu a própria morte."

Claudia Almeida (15.08.2014)

Nota: Relembrando e parafraseando Eduardo Campos em 12.08.2014, no Jornal Nacional, lamento! O Brasil perde novamente de 7 x 1: Perde sete homens num acidente aéreo trágico. Resta apenas o motivo para Não Desistir do Brasil.

***********************************************************

Cedido por minha filha, Cláudia Almeida (Autora)

Obrigada, filha!i!

Geneci Almeida

15/08/14

Geneci Almeida
Enviado por Geneci Almeida em 15/08/2014
Código do texto: T4923798
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.