VOCÊ SERIA SE PUDESSE SER

Charles Cooley, sociólogo moderno, formulou uma lei interessante. Segundo ele, "nós não somos quem pensamos ser, mas somos o que pensamos que a pessoa mais importante em nossa vida pensa a nosso respeito". Quem é a pessoa mais importante em sua vida?

Peggy Noonan, jornalista da rede de televisão CBS e escritora de discursos dos presidentes Ronald Regan e George Busch, observou que "somos a primeira geração que esperou encontrar a felicidade aqui na Terra, e essa busca tornou-nos grandemente infelizes". Materialismo, realização profissional e financeira, reconhecimento, relacionamentos e prazer são em geral as avenidas comuns percorridas por milhões de pessoas na tentativa de serem felizes. Nessa busca, o homem moderno transformou seu mundo em um grande parque de diversão. Tal sociedade deveria ser a última a sentir-se enfadada, angustiada e deprimida, mas esse não é o caso.

O sábio Salomão inicialmente tentou toda sorte de experimentos na busca da felicidade. Leia o capítulo 2 de Eclesiastes. Ele empreendeu grandes obras, edificou casas, plantou vinhas, fez jardins e pomares. Construiu açudes, comprou servos, possuiu bois e ovelhas. Amontoou prata, ouro e tesouros. Proveu-se de cantores, cercou-se de "mulheres e mulheres" (v. 4-9). Com que resultado? Ele descobriu aquilo que os psicólogos hoje chamam de "lei do retorno decrescente". Como qualquer droga, o prazer exige doses cada vez maiores para produzir a mesma satisfação, e no final traz apenas o desespero e o desencanto. Salomão conclui, então, que "nenhum proveito havia debaixo do sol" (v. 11).

Salomão inicialmente buscou propósito "debaixo do sol", expressão que ocorre 29 vezes no livro de Eclesiastes, para descobrir que a verdadeira felicidade só pode ser encontrada "além do sol", nAquele que transcende a vida aqui.

Há quase dois anos e meio eu ingressei neste espaço e longe de achar-me notório pelos parcos textos que de vez em quando publico. Tive uma impressão errada, deste espaço, pois achei que nele encontraria pérolas preciosas da literatura brasileira em nossa língua materna e com isso beneficiar-me com tal aprendizado. Logo descobri que muitos dos que aqui participam e não todos buscam um reconhecimento desenfreado, um apreço, um afago que possa aliviar suas carências emocionais, textos sem nexos, sem propósito algum, destoam e distorcem valores. Outros se demoram derramando em versos vazios sua tristeza e solidão, buscando dar ênfase no ser sofrível que a vida os tornou. Fazem disso uma catarse. Alguns são apelativos nos convidando a ler suas entregas. Outros se tornaram dependentes virtuais. Alguns são solitários e vivem no mundo do subjetivo procurando uma razão para satisfazer suas necessidades psicológicas mais profundas. Estamos tão ocupados em nos promover ou manipular outros em nosso favor que nos programamos para um novo ataque a cada dia. Mas o vazio continua lá, não é algo novo:

A Grécia dizia: "Seja sábio, conheça a si mesmo."

Roma ordenava: "Seja forte e se discipline."

O judaísmo insistia: "Seja bom e se ajuste à lei."

O hedonismo seduzia: "Busque o prazer e se satisfaça."

A educação orienta: "Seja hábil, expanda seu universo."

A psicologia motiva: "Seja confiante e se autoafirme."

O materialismo apregoa: "Seja possessivo, realize-se em possuir."

O humanismo ensina: "Seja capaz, creia em si mesmo."

O orgulho afirma: "Seja superior, promova os interesses pessoais."


Todas as coisas do mundo natural perecem. As riquezas levantam voo. A fama é apenas um fôlego. O amor humano é incerto e limitado. A juventude, a saúde e o prazer, todos eventualmente nos abandonam. Portanto, se todas as coisas terminam em pó e desapontamento, elas não podem ser o bem final da existência nem as prioridades que absorvem toda nossa atenção e energia.
Necessitamos de vida não relacionada com a morte. Um tipo de bem que se ergue acima das coisas temporais e passageiras.

Alguns julgam que somos apenas resultado do acaso e, por isso, a vida não tem qualquer propósito. Assim, eles se entregam ao momento. Mas essa filosofia não é consistente. C. S. Lewis a analisa com lógica incrível: "Você poderia imaginar os peixes reclamando do mar pelo fato de eles estarem molhados? Se eles fizessem isso, esse fato indicaria que eles nem sempre foram criaturas aquáticas. Se somos meramente produto de um universo material, como explicar a realidade de que nunca estamos completamente felizes aqui?"

Algo dentro de nós grita por uma paz que nunca experimentamos. Sentimos saudades de um lugar onde nunca estivemos. Desejamos uma conexão que não sabemos explicar. Estas são as marcas de nossa origem. Criados por Deus, estamos longe de nosso lar, perdidos em um país distante. Blaise Pascal observou: "Quem se sentiria infeliz por não ser um rei, exceto um rei deposto? Todas as nossas misérias provam a nobreza de nossas origens. Somos filhos de Deus, mas perdemos o contato com nosso Pai."

Jesus veio para buscar e salvar o que se perdera. Não é por acaso que Ele falou do caráter libertador da verdade.

A verdade, que é o próprio Jesus Cristo, nos libertará do vazio interior, das distorções da autoestima, da solidão, da falta de propósito e do medo da morte. Julie Cameron, de Noranda, na Austrália, diagnosticada com câncer terminal, escreveu em março de 1999, pouco antes de morrer: "Cristo é tudo para mim. Ele é o meu Consolador; meu Protetor; meu Conhecimento; a Música de minha vida; meu Conselheiro; a Luz; a Rocha na qual me ergo; meu constante Companheiro; Aquele que me ouve; Ele é o Mestre; o Grande Artista; a minha Segurança. Ele é a Sombra que me segue [...]. Ele é o maior Autor, pois escreveu o Livro da Vida." E você quem é? Que registro você está deixando?

Fonte – CPB/A. Rodor
Corumbá-MS out/2014
Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 18/10/2014
Reeditado em 18/10/2014
Código do texto: T5003777
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