NO CAMINHO DAS RUAS

Andando sem direção, pelas ruas amargas do Rio de Janeiro, eu olho pra frente como se não fosse chegar a destino nenhum. Com sangue no olhar penso na solidão que me transtorna, vejo as pessoas andando e com um falso ar de felicidade no rosto, por ter comprado aquele carro que tanto queria, por ter conseguido aquele aumento de salário muito tempo esperado. Mal sabem eles que não conhecem nem a metade dos problemas da vida. Um dia eu estava na praça sentado no banco observando as pessoas, do meu lado sento uma menina de aproximadamente 19 anos falando ao telefone. Disse ela que havia comprado 13 bananas e ia levá-las para casa. Logo depois tinha um homem sentado no meio fio que a chamo e pediu-lhe algo pra comer, ela sem nenhuma angústia nem sentimento disse ao pobre senhor que não havia o que lhe dar virando a cabeça e seguindo o seu caminho.

Paro e penso nos dias frios que nos atormenta mesmo com várias cobertas, meias e tocas. O frio que sentimos não é nada comparado ao que outros estão sentindo. A sociedade brasileira tornou-se egocêntrica ao ponto de não exibir reação aos mais necessitados, como é comum ver nas ruas de grandes e pequenas cidades pessoas dormindo ao relento, pessoas com fome, sede e todos sentindo o frio da noite, pessoas passam de um lado para o outro e já tratam como normal essa situação de calamidade.

Quando você para na cozinha de sua casa e reclama que não há nada de bom para comer, esquece que tem muitos iguais a você, feitos de carne e osso que daria a própria vida por uma colher de arroz, ou um copo de água, que são tratados como vagabundos aos olhos da sociedade por andarem sujos e mal arrumado, mais as pessoas que condenam esquecem que se eles não podem tomar um bom banho é por que não lhe deram oportunidade de falar, muitos queriam a única chance de se expressar e de mostrar que a aparência não importa e que não a dinheiro para eles comprarem uma roupa, que o dinheiro que os cabe recolhido pelos que os reconhecem como seres humanos, da mal para a sua alimentação.

Um dia andando no centro da cidade fui abordado por um homem que aparentava ter uns 45 anos, ele me perguntou se eu tinha um trocado para ele almoçar, então lhe convidei para comer em um restaurante não muito popular e barato, por que aquele dia eu tinha somente o dinheiro de meu almoço e da minha passagem para casa, sentamos e eu pedi 2 pratos feitos para nos alimentar, conversando com esse senhor ele me contou uma historia que eu até hoje me recordo.

Ele era da Bahia, e tinha vindo para rio de janeiro por que quando tinha 20 anos de idade muitos saiam de lá para tentar a vida no rio de janeiro, largou esposa que havia acabado de casar para tentar arrumar um bom emprego no rio e lava-la para morar com ele. Assim que ele chegou desceu na rodoviária, não conhecia ninguém, um rapaz bonito e simpático que sabia se expressar muito bem e era muito educado. Ele havia levado com ele roupas e uma boa quantidade em dinheiro, foi direto para praia onde passeando pela areia com bolsa e mala de mão viu uma velha senhora catando conchas e a foi falar.

A senhora era dona de uma linda barraca na praia e o convidou para trabalhar com ela, ele na mesma hora aceitou, não era muito, mais dava pra ele começar a vida em uma cidade até o momento estranha parada ele.

Disse-me também que no outro dia ele logo ao amanhecer a barraca não ia abrir por que era uma segunda feira e eles não trabalhava, ele saiu a procurar uma casa para morar, logo se aproximando de um garoto que aparentemente era da mesma idade que a sua ele o perguntou se não sabia de alguma casa pra alugar e o garoto lhe respondeu que sabia e o levo em um lugar meio escuro, afastado da praia que lhe tinha abrigado. Esse garoto o assalta e o espanca o deixando apenas com as roupas de baixo e ele assim ficou por 6 dias procurando o caminho da praia e se alimentando com restos de comida que achava em lixeiras de apartamentos. Quando encontrou um homem que lhe deu uma roupa e o levou de volta para a barraca na praia.

Chegando lá a senhora que havia lhe dado abrigo o expulsou e falou que não queriam vagabundos trabalhando para ela, ele meio assustado e desamparado foi a caminho da rodoviária pretendendo voltar para Bahia.

Chegando a rodoviária ele não havia dinheiro suficiente para voltar para Bahia e faltava um pouco mais da metade do que ainda lhe tinha sobrado. Ele se aproximou de um homem que estava na fila de passagens e o perguntou se ele não podia completar o dinheiro e o homem o insulto o mandando largar de ser vagabundo e procurar um emprego, assim saindo da rodoviária meio desanimado sentou em um bar onde estava rolando um show do barão vermelho e ele com o pouco dinheiro que tinha disparou a beber para passar o tempo e pensar no que ia fazer. Bebeu até sair do bar e cair em uma esquina próxima onde adormeceu. Quando amanheceu ai que havia desabado o mundo para ele, os restos das coisas que ele tinha já não estavam mais ali e ele se deparou com a fome e a solidão, todos os dias que se passava ele procurava empregos e sempre ouvia as mesmas respostas, As pessoas o mandavam tomar banho antes de pedir um emprego, mandavam ele se arrumar e se perfumar. Mas ele pobre homem que o destino foi cruel não tinha nem lugar pra dormir.

Passou-se 25 anos que ele já estava nessa vida e nunca sequer alguém pra conversar ele conseguia e estava muito feliz em está conversando comigo.

Fiquei um tento chocado com aquela historia e tentei ajuda-lo, como uma grande sorte, dele; havia um amigo meu que é caminhoneiro que ia pra São Paulo, levar uma carga de tijolos e estava precisando de um ajudante para carregar e descarregar o caminhão e se ele fosse lhe daria um dinheiro e mais comida e de São Paulo ia tentar pegar alguma carga para Bahia e ajudar um guerreiro a chegar a sua cidade e rever seus parentes e amigos que ficaram para traz.

BEM VINDAS AS CORREÇÕES DE PORTUGUÊS

ABRIGADO PELA AJUDA

VICTOR MENEZES
Enviado por VICTOR MENEZES em 31/05/2007
Reeditado em 31/05/2007
Código do texto: T508949
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