APRENDIZ DO BEM

Ele tinha o costume de carregar consigo, balas, biscoitos, doces. Sua mala, cheia de potes de chás e ervas, unguentos e bálsamos, óleo perfumado.

Era para os que encontrasse pela estrada, amigos ou supostos inimigos... sempre um sorriso e uma gentileza. Não perguntava a causa da dor, apenas oferecia a ternura, o silêncio, juntamente com algo material. Ora um alimento, ora um chá... surgia de suas abençoadas mãos.

E assim caminhava o Peregrino BEM... levantando tendas no deserto, rico de provisões que oferecia de si mesmo, aos desvalidos.

Um dia, me deparei com o velho caminhante, certa de que também eu me fazia credora de sua bondade gratuita. Indaguei de si mesmo, que unguentos teria para minha dor, que óleos perfumados, dispunha o velho amigo, pra meu cansado coração. O BEM me acolheu depressa, sem me dar tempo de arrolar toda a fieira de mágoas. Apontou-me a estrada e ofereceu-me a sacola de prendas.

Tomei então, da sacola e o segui...

Era tão vasta a extensão do caminho por onde me fez caminhar... e tantos eram os caminhantes que me fez encontrar!

Esquecida de mim mesma, imitando o velho sábio, eu me pus a encher minha vasilha, a encontrar os perfumes, os remédios, os unguentos... o sorriso e a gentileza...

Aprendiz do BEM segue assim, esquecido de sua própria desgraça, encontra a graça. Sem cansaço, sem tardança, sai depressa a caminhar, encharcado de bondade, vai o amor espalhar...