A Razão do medo

Vivemos o tempo do medo, onde sombras psicológicas nos rouba a coragem e seguem ao nosso lado. A todo instante sentimos o gélido vento da morte soprar os nossos ouvidos, já que esta sombra se transforma em diferentes figuras, saqueando a paz e obrigando refazer os planos. Esquecemos que a era é da longevidade, que as expectativas de vida se elevaram em relação ao passado. O pior é que não nos damos conta de que a tal sombra fora produzida por nós, talvez na insistência de chorar no presídio de dentro de casa, se transformando em alvo fácil da televisão sensacionalista, não nos permitiu pensar em formas de driblar o pavor. A desconfiança nas pessoas saiu de um conceito para preconceito, naturalmente estamos selecionando por cores, formas de andar, estilos de cabelo, por tatuagens no corpo. O educador Ubiratan D'Ambrósio, da Universidade de Campinas (Unicamp) Salienta que o diferente não é o nosso inimigo, ele não representa perigo. Mas o medo da violência gera um tipo de insegurança que as relações humanas se perdem na necessidade de viver, aliás de vegetar com um tubo de oxigênio na traqueia esperando que a qualquer minuto se acabe o ar. Estamos gastando muita energia, econômica e emocional, para nos defendermos de algo que é criatura do nosso meio. Estamos ressuscitando jargões obsoletos como: "digas com quem andas que direi quem tu és”, Para separar as diferenças como se fosse a saída, como se rotular abrandasse a realidade. "Depende de nós se este mundo ainda tem jeito, apesar do que o homem tem feito" de uma linda canção do Balão Mágico dos anos 80, que forço sempre a reflexão quando é preciso mudar, e acredito que este é sem duvida um grande passo. Denis Mizne, diretor-executivo em São Paulo do Instituto Sou da Paz, faz referência a uma democratização do medo, que leva todos a se sentirem reféns da violência. "Isso mexe muito com a vida das pessoas e leva a reações irracionais, temos que desarmar o espirito”. A razão deve ser a bussola para sairmos deste pântano, caso contrário precisaremos pedir revisão da Reforma Psiquiátrica e mudarmos todos para os manicômios.