Phantastica?

Phantastica: classe de psicoativos assim designada pelo toxicólogo alemão Louis Lewin. Inspiração para a arte visionária. Mas o que? Todos os que os utilizam são artistas? Longe disso. Poderiam ser, sem dúvida, mas não são.
A ideia é tornar inútil grande parcela da população para trazer mais qualidade de vida para a parcela que não faz uso? Talvez, talvez. Mas isso não resolveria em nada o problema do tráfico, só criaria mais problemas, mais desigualdade, mais abismo social.
Indo mais fundo, podemos ver o egoísmo, a egolatria e o egocentrismo juntos numa ideologia neoliberal pronta para empurrar drogas como maconha – mas não só maconha – no universo da mercadoria, da fetichização da mercadoria e do consumo generalizado.
A quem isso interessa? Aos grandes conglomerados que irão desfrutar de livre acesso a todas as consciências de usuários de drogas.
A utilização de substâncias que levem ao êxtase espiritual como o Santo Daime, por exemplo, é sagrada e mística, levando à verdadeira experiência religiosa e de espiritualidade elevada tanto quanto a utilização de psicoativos para a criatividade artística na arte visionária é válida e reconhecida. Porém não se engane o leitor desavisado em acreditar que a intenção dos que defendem a liberalização das drogas seja de cunho artístico ou religioso. Passa muito distante disso. A intenção é eliminar grande parte da população da concorrência por benefícios e cidadania em última análise para criação de elites que irão de bunker em bunker, transformando as cidades e as ruas – que já experimentam isso de muitos modos – em meras passagens de transeuntes que só comungam uma coisa entre si: o fato de se ignorarem uns aos outros.
Que saibamos diferenciar liberdade de libertinagem e possamos atingir inspiração para arte, para a criatividade, para a filosofia e a cultura em geral, de modo natural, sem drogas.