A grande viagem

'Homem, conhece-te a ti mesmo.'

(Inscrição no Templo de Delfos, na Grécia da Antiguidade)

Nas últimas décadas, a Humanidade alcançou grandes progressos sociais, políticos e tecnológicos.

Criamos instituições em escala local, nacional e internacional para promover o progresso da sociedade, para desenvolver o comércio, o intercâmbio cultural e tecnológico, aprimorar as leis, manter a paz e a cooperação entre as nações.

Penetramos na intimidade da matéria, dominando a eletricidade e a energia nuclear e desvendando os mistérios da genética.

Vencemos as distâncias, interligando todos os pontos do Planeta graças ao progresso dos transportes e das comunicações, e nos lançamos à pesquisa do Universo, através do estudo da Astronomia e da tecnologia espacial, enviando veículos de exploração até os limites do Sistema Solar.

Avançamos muito na pesquisa do Universo Externo, num nível nunca alcançado em outras épocas. Mas devemos entender que bilhões de pessoas ainda não adentraram mais do que alguns milímetros no conhecimento de seu mundo interior.

Uma das profecias maias diz que no futuro a Humanidade deveria fazer uma visita à 'sala dos espelhos.' Isso significa que cada ser humano deverá ter um encontro consigo mesmo, encarando a sua própria realidade íntima, suas virtudes e defeitos, seus erros e vitórias, seus medos e esperanças.

Precisamos perguntar a nós mesmos: Até que ponto nos conhecemos realmente ?

Como reagimos diante das dificuldades e insucessos ?

Como reagimos diante das alegrias e conquistas da vida ?

Até que ponto somos capazes de extrair um aprendizado útil de cada situação boa ou ruim que a vida coloca diante de nós ?

Quais são os nossos verdadeiros objetivos ?

Que sentimentos estão por trás de cada atitude que tomamos ?

Quando tentamos fazer algo levamos em consideração o bem-estar de todos, ou pensamos apenas em nossa própria satisfação ?

Quais são as nossas qualidades e imperfeições ?

O que realizamos de bom e de útil ao longo de nossas vidas ?

Sabemos ser felizes, adaptando-nos à realidade, ou exigimos coisas desnecessárias e inatingíveis de nós mesmos e dos outros ?

Somos capazes de perceber as qualidades das pessoas, aprendendo com a convivência e a troca de experiências, ou nos detemos na observação das aparências, analisando o mundo de acordo com as lentes distorcidas dos nossos preconceitos ?

Sabemos construir a paz e a harmonia dentro de nós, semeando-as à nossa volta, ou nos tornamos semeadores do pessimismo e do desequilíbrio por onde passamos ?

Como administramos os recursos materiais, intelectuais e as habilidades pessoais que possuímos ?

Como administramos o nosso tempo ?

Preenchemos as nossas vidas com atividades úteis e construtivas, enriquecendo-nos de conhecimento e experiência, ou desperdiçamos oportunidades e recursos com ações sem valor ou mesmo nocivas ?

Tentamos impor a todos a nossa visão de mundo, ou somos mentalmente flexíveis para repensar as nossas convicções e descobrir novos valores, novas crenças e novas fontes de prazer e alegria ?

O escritor americano Walt Whitman disse: 'Sou imenso. Contenho multidões.' Cada um de nós possui todo um universo inesgotável dentro de si, de forças, capacidades e sentimentos ainda ignorados.

Jesus disse: 'O que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma ?' O que adianta ter grandes conquistas financeiras, intelectuais e sociais, experimentar experiências, situações e companhias diversas e comprometer o nosso equilíbrio interior, perdendo a serenidade e a paz da nossa alma ?

Um dia todos entenderão que só existe um caminho verdadeiro e infalível no Universo para a nossa felicidade definitiva: o caminho do amor, da ação constante no bem e da busca incessante pelo nosso aperfeiçoamento integral.

A solução definitiva para todos os grandes problemas humanos não está apenas nas criações exteriores da Ciência, da Tecnologia e da Política (valiosas, mas insuficientes), mas sim nas forças internas do Espírito, que todos os indivíduos possuem e que precisam ser descobertas, estudadas, educadas e conduzidas corretamente: a vontade, a inteligência e o sentimento.

O progresso construído no mundo externo da matéria sempre será instável e limitado.

Somente o progresso construído no mundo interno da consciência, baseado na consolidação do amor e do bem, pode ser permanente.

Um dos maiores desafios que aguardam os seres humanos é a viagem de autodescobrimento através das dimensões inexploradas da nossa própria alma. Mais cedo ou mais tarde todos nós precisaremos assumir a missão, obrigatória e intransferível, de nos tornarmos, além de espaçonautas, viajando pelo Universo Exterior, também psiconautas - viajantes e exploradores em nosso próprio Universo Interior.

Quando nos entregarmos à missão do autoconhecimento e despertamento de nosso potencial individual, tornando-nos conscientes de que somos donos legítimos e definitivos apenas daquilo que construímos dentro de nós mesmos, compreenderemos que todos os seres possuem a mesma essência fundamental, a mesma origem e destino, as mesmas necessidades e capacidades, e todos se unirão no mesmo espírito de fraternidade universal, tratando os outros da forma que esperamos ser tratados e vendo nos outros e no restante do Universo uma extensão de nós mesmos.

masaharu emoto
Enviado por masaharu emoto em 14/11/2016
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