"ONDE ESTÁ A MINHA FELICIDADE?"

Onde está a minha felicidade? Ali mesmo onde a vi, cravejada dos mais belos brilhantes...

Atrás de uma muralha.

Choro meu desassossego, tentando apagar o fogo que queima o peito, mas o estrago já está feito. Gotinhas não apagam florestas, não as grandes que queimam majestosamente, nada podem fazer contra a natureza, cruel e bela ao extremo.

Fiz minhas escolhas, e vivo por elas. Não volto atrás, nem me arrependo de escolher o caminho mais dolorido.

É caminho mais belo.

É caminho de adorável e venenosa beleza, o éden de onde vim e onde pretendo retornar. Sou corajosa, destemperada!

Não é fácil sorrir, não aquele sorriso que nos eleva aos céus, de peito aberto, ensaio de anjo sem asas. Não é fácil ignorar os avisos, não é fácil trocar o certo pelo duvidoso, não é fácil obedecer ao coração.

Não é fácil errar com convicção, tentando construir algo que seja belo. Castelo de cartas ao vento.

Mas é inevitável. Assim meu coração exige, assim minha natureza faz. Assim minha alma arruma as cartas, porque já concebeu o castelo. Porque só sei fazer as coisas assim.

E assim luto até o final, até que o vento me derrube, até que as cartas se desfaçam, até que me prove que aquilo não pode ser feito. Terá de me quebrar para isso.

Ou até que meus sonhos se realizem e minhas cartas façam a mais bela das catedrais, alta e maravilhosa, de fazer inveja aos anjos e aos prudentes. Um monumento à minha insensatez.

Um monumento a todas as buscas.