Paredes que prendem

Paredes que me prendem

Levantadas por mim, ao longo dos anos

Sufocam, oprimem, deixando-me cada dia mais fraco

Tornaram-se cárcere, para o cumprimento de uma pena perpétua.

Paredes rústicas, ásperas, construídas com sofrimento ao invés de pedras

Com lágrimas, ao invés de água, para unir e selar a sua estrutura

Sem qualquer pintura, apenas coloridas com as marcas do tempo

Que as deixaram com esta cor verde escuro, como musgo na pedra

Foram erguidas lentamente, ao longo do tempo

Sem que percebesse, ou desse conta, em que se transformariam.

E transformaram-se em uma prisão, úmida, fétida e escura

Impossível a fuga, ou talvez me falte forças para quebrá-las.

Quando as encaro, na sua cor verde escuro, como musgo na pedra

Consigo enxergar, em momentos insanos, confesso

Uma imagem refletida . A minha imagem, a minha face

Um olhar triste,

Um olhar desesperado,

O cheiro não é de relva, nem de selva

É o cheiro de cárcere...sem qualquer brisa para amenizar o terrível odor

Quero a liberdade, libertar-me dessas paredes que surgiram em minha volta

Sem qualquer colorido

Apenas a cor verde escuro, assim como o musgo na pedra.