Tempestades

Tempestades

As palmeiras da orla, inclinadas sobre o oceano, foram moldadas pela brisa amena que, soprando predominantemente naquela direção por anos a fio, deu-lhes aquela postura elegante. Esse mesmo vento enfuna as velas das jangadas e leva-as ao mar aberto onde o peixe farta.

Contudo a natureza não sopra sempre na mesma direção. Como o tufão que inverte o vento e faz a água, outrora mansa, arrebentar em ondas destruidoras, arranca as folhas das palmeiras, destrói velas e vidas; os sentimentos humanos também têm seus revezes. Assim, a mesma mão que acaricia às vezes fere. A mesma boca que beija e faz juras de amor pode, em seus piores momentos, magoar profundamente ao dizer palavras amargas. Entretanto as tempestades são passageiras: as humanas e as da natureza. Ao final o que conta é a predominância.

Tome-se pelas palmeiras: após a borrasca ficam ainda mais belas, pois perdem apenas as folhas mortas ou amarelecidas. Devemos nos espelhar nas palmeiras e tirar lições das tempestades, aproveitar esses arrufos da alma e nos desfazer de mágoas e outros sentimentos menores que só nos tornam pequenos ante nossos semelhantes.

As tempestades são inevitáveis, mas não duradoras. As lições que podemos tirar delas sim, podem ser permanentes e benfazejas como a brisa amena.