Imaterial

O capitalismo se metamorfoseou pouco a pouco de um capital produtivo para um capital monetário, os protagonistas no século 21 não são mais as indústrias, mas os algoritmos e todo um mundo imaterial. O próprio Marx já indicava no livro III de “O Capital” que a equação D-M-D (dinheiro que gera dinheiro por meio da mercadoria) deixaria de ser a protagonista no processo de reprodução do capital, sendo substituída a partir da década de 1970 pelo fim do acordo de Bretton Woods, pela equação D-D (dinheiro que gera dinheiro por meio de juros e dividendos). O sonho de todo capitalista foi este, o de acumular sem se preocupar com a produção, com máquinas, mão-de-obra, matéria-prima etc. Em toda a história humana, nunca se observou um abismo tão notório entre ricos e pobres no mundo, ao ponto, por exemplo, das grandes fortunas alcançarem números estratosféricos nas últimas décadas. Números vergonhosos, diria eu. E há quem, por ingenuidade ou inculcação ideológica, acredite que somos livres, patrões e “empreendedores”. Somos? Milhões e milhões de pessoas sentem perdidas. Sem referência. Sem território. Sem esperança de qualquer mudança na própria trajetória de vida. E para piorar, nenhum de nós deixa de trabalhar ou aprimorar esse capital imaterial todos os dias, seja pelo Google, Amazon ou Facebook, consciente ou inconscientemente. Todos conectados e aprimorando algoritmos. Somos (pro)sumidores, ou seja, um híbrido de consumidores e produtores. Nos divertimos trabalhando. Inclusive eu.