Meu Pai

Hoje, se meu pai estivesse vivo, ele estaria completando 84 anos de idade e poderia estar bem e lúcido, como tantos outros pais. Mas nesta caminhada chamada vida ele já parou anos atrás. Meu pai tinha um grave defeito, ele era alcoólatra e, esta doença, levou ele a sofrer muito. Com a ajuda dela ele teve Alzheimer. Com a ajuda dela ele teve uma inflamação nos nervos das pernas que, às vezes, o fazia cair. Com a ajuda dela ele teve derrames e convulsões. Graças a ela ele foi desligado da empresa logo após se aposentar (prática não comum na empresa). Em 1996 ele começou a apresentar os primeiros sintomas do Alzheimer, a perda de noção espacial. Em 1998 já era quase impossível deixá-lo sozinho. Em 3 de março de 2000 não tive mais como cuidar dele de uma maneira eficaz e o internei. Passou por 3 clínicas, teve bons e maus momentos e em 2003 já se esquecera de, praticamente, tudo. Suas últimas lembranças eram do nosso antigo cão rex. Em 3 de abril de 2008 ele desencarnou, magro, esquecido, com amplo amparo médico, mas doente. Um rascunho do homem que um dia foi. Você pode pensar que meu pai não foi um homem bom ou que causou muitos problemas ou que eu não gostava dele, mas eu o informo que você está enganado em seus pensamentos. Meu pai trabalhava muito, era responsável, e junto com minha mãe, nunca me deixaram faltar nada, me ajudaram nos problemas "terríveis" de um adolescente, me serviram de exemplo na vida. Exemplos de responsabilidade, coragem e competência. Demorei muito tempo para perceber os sacrifícios de meu pai, mas percebi e agradeço a Deus por isto. Sinto falta dele, assim como sinto falta de minha mãe. Deve ser bom ter uma família com pais, filhos e netos, mas isto só posso pressupor. Que bons espíritos acompanhem meu pai e o ajudem a se recuperar integralmente, para que um dia (quem sabe já agora) possa realmente ser feliz. Feliz aniversário meu pai.

Luiz Bertini
Enviado por Luiz Bertini em 23/12/2016
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