UM ULTIMO ADEUS.

 

Já não tenho tantas certezas.

Porém não tenho mais tantas dúvidas.

O que a mim foi destinado aceito com gratidão.

Não contesto mais os "cortes" do destino.

Está tudo bem se acham que está tudo bem.

Não pretendo discutir sobre brigas perdidas. O que passou, passou, simples assim.

Se ganhei ou se perdi o importante é que ainda estou aqui. Não tenho mais a arrogância dos vinte. Nem a prepotência dos quarenta.

Também não tenho a soberba dos sessenta. Tenho apenas o minuto atual. Esse sim é sem igual e eu o vivo moderadamente.

Já não me importo mais com pensamentos ou críticas alheias. Nem dos próximos. Eu só quero que a vida me deixe morrer sem avisos. Sem sinais. Sem angústias e sem esperas.

Meu velho pai dizia que quando morresse no dia seguinte faria cem anos. Pois bem, eu digo o mesmo. Que as poucas pessoas que estiverem próximas não chorem por mais que uma noite. E que no dia seguinte já faça cem anos da minha morte. Não quero deixar recordações, elas entristecem as pessoas, e não é isso que eu desejo aos que amo.

Quero partir na madrugada de um domingo, para que no mesmo dia eu seja cremado e que na segunda feira o trabalho distraia os poucos que levaram os meus restos para espalhar em algum campo.

Comigo será incinerada a minha historia pois tudo o que sempre quis foi ser lembrado em vida. 

Na morte não há regozijo.

Quando partir nada deixarei por fazer pois o que não foi feito não era para ser feito.

Os compromissos que selamos com os outros são efêmeros, transitórios. Mas o compromisso que firmamos com nós mesmos são eternos. Os meus compromissos estão na fase final. Daqui para frente não assumirei mais metas, sonhos, projetos. Nada que demande muito tempo. Pois é este tempo que escorre como areia entre meus dedos.

Um último gole. Uma última foto. 

Um último carinho. Uma última olhada para o horizonte.

Um último adeus!!!