O PEQUENO EMANUEL

Minha família em suma não é tão religiosa, não vamos aos domingos a missa nem frequentamos cultos evangélicos. Porém, outra parte é bem assídua nesse sentido, sendo cada uma defendendo um lado, que no fim para mim é um único Deus.

Sou uma jovem de quase 30 anos, com problemas diversos que envolvem o meu ser biopsicossocial. Mas essa história não é minha, e o momento oportuno para contar minha história não é hoje e nem o objetivo desse instante. Acredito que no tempo de hoje no qual enfrentamos a pandemia do novo Coronavírus (Sars-cov-2) seja mais que apropriado para entender o pequeno que me rodeia e ainda sua mensagem me dada há anos em um momento de luminosidade e psicografia.

Para conhecimento prévio, essa pandemia que trata o cenário dessa história é a pandemia causada pela gripe espanhola aconteceu no século XX resultando na morte de 50 milhões de pessoas em dados estatísticos tradicionais da época. Tal doença recebeu esse nome por conta da divulgação em imprensa espanhola no cenário da Primeira Guerra Mundial. Não sabe-se onde ela veio a surgir, mas acredita-se que tenha sido no interior dos Estados Unidos. Tendo chegado ao Brasil em setembro de 1918.

Em minha mente há vagos lapsos de imagem da visão, do momento psicográfico, mas aqui é não pretendo escrever um livro sobre uma psicografia e sim imaginar como foi a vida de Emanuel em meio a esse cenário de doença e desespero diante da morte, meio parecido com o qual vivenciamos hoje.

“É um lugar pacato no meio de um vale, com o frio batendo as janelas da igreja velhinha. Umas freiras correm de um lado para outro e sem chorar eu nasci levando comigo o ser mais doce da Terra que Deus me deu. Aos arredores dali cresci com uma familiar, um menino franzino, Espanhol de cabelos negros e pele pálida, talvez assim o fosse pela dedicação aos estudos na igreja com o padre aos domingos após a missa.

Tenho 10 anos.

Gosto de ficar numa árvore ao seu lado, ela me conta coisas que são lindas como se fossem um jeito de apaziguar a sua ausência física.

Ela tem cabelos longos entrançados e não parece ter roupas, mas também não está desnuda.

Conta-me:

- Quando chegar o dia estarei te esperando, não doerá muito. Pode sentir uma agonia de perder o fôlego, mas eu estarei segurando sua mão. Lá tem um lar temporário, onde nos limpamos, onde precisamos entender o meio físico e depois partir sem mais ligações. Eu precisava te preparar para poder ir.

- Ainda será esse ano?

- Sim. Devido a guerra civil e guerra mundial, a fome, miséria e as pragas se espalham mais rápido; pois as pessoas estão se voltando somente e só para a própria morte e não a vida física e espiritual.

- Deus é bom?

- Sim. Pois me deu você. Até mais, eu virei te buscar em um dia feliz.

A mulher ao longe se vai num caminho longo, parecendo um bosque de flores azuis mesclando com o céu.

- Ah! O céu. Eu digo me afastando ouvindo o som do sino da igreja.

Psicografia do dia 28 de maio de 2020, Brasil, Lagoa Nova/RN