Amo-te III

Amo-te III

(Do amor como essência divina da vida e como matéria constituinte da alma)

Dizem que a alma é longeva, se não eterna. Que passa na vida, onde coisas se aderem a ela, enquanto outras se perdem. Dizem que ela não nasce inocente como nos parece. Dizem que há o Diabo, tentando roubar o amor de Deus, nossa alma. Mas, se somos amor na essência, cadê esse amor que nunca aparece? Bem, nunca não! Como um cometa se mostra aos nossos olhos à noite, assim – raramente – também podemos presenciar o puro amor manifesto.

Que quero dizer com isso, amor meu? Quero dizer que me mostraste o caminho para minha própria essência. Guiado por tua luz, me encontrei. Ao te encontrar, logrei encontrar a mim mesmo. Resgatado do breu para a beleza da vida, em sua essência de amor puro, quero somente agradecer-te, adorada, rio caudaloso correndo em meu espírito! Quero me ajoelhar diante de ti. Não que sejas Deusa, eterna, pura. Quero ajoelhar-me, pois é destino de quem ama se humilhar.

Na dimensão de Deus, tudo que Ele deseja acontece, no tempo da Sua vontade. Não posso ambicionar o mesmo para meu humilde desejo. Que queima como ácido, e corta como se me partisse, mas... é meu humilde desejo. E que é meu desejo para te atingir? Amor maior que o meu não encontrarás, mas talvez encontres esse que te faça sentir o frescor da alma, tal como fazes comigo.

Talvez estejas reservada para o homem a quem tua alma mais se afine. Ou talvez estejas fadada a penar no engano, a sofreres nos braços de outros, até desceres até o meu plano. Não te desejo isto, pois és como a terra para minhas raízes, como o ventre para o embrião. Poderia morrer para evitar sequer um de teus sofrimentos. Não, não quero. Quero, sim, que um dia te seja revelada a luz nos meus olhos. E que essa luz acenda em ti a chama do amor e, finalmente, me entendas. E, então, que sejas capaz de dimensionar a extensão do que sinto por ti,

Se um dia me acolheres em teus braços, estrela de minhas noites, seda de que me visto quando o desejo abrasa, te darei o fogo do Sol em minha pele, raios hão de brilhar nos meus olhos e música diáfana há de brotar da minha boca. Então, verás que minhas juras de amor não são falsas, apesar de desesperadas. Não hei de esquecê-las, da mesma forma como não consigo me esquecer de ti. Por isso componho palavras que te entrego como flores, minha Luz! Para aplacar a ânsia de ter contigo, estar contigo, me entregando como um cordeiro branco e manso, como prova do puro amor e do sacrifício que a ele é inerente.

Servilmente teu. Teu para todo o sempre,