Valores ou desVALORES?


O mundo vive da "mídia"?
A "miséria moral"...
Dá “ibope”?

Há pessoas que “investem” num "time"...
Algumas até já perderam a vida...
Por que não investir no bem?

Fala-se tanto em paz...

Mas é a guerra que se faz!









NEU* - Maquiavel e Jesus


DIVIDIDOS pela filosofia
Marido é adepto de Maquiavel, esposa segue Jesus
Dr. LUIZ CARLOS FORMIGA
Nicolau era vaidoso, embora sem grandes dotes físicos. Nasceu num período de constantes crises, teve infância difícil e juventude cercada de problemas financeiros. "Aprendeu" a observar comportamentos. Ficou-lhe clara a idéia de que a natureza humana é egoísta, malvada, sem remédio e que a sociedade nunca superará a fase Caim&Abel. É o pessimismo do pecado original sem redenção pela cruz. Com a idade madura consolidou-se a idéia: "o fim justifica os meios".
Nicolau não fugiu à regra: "mulheres bonitas se casam com homens feios". Casou-se com Norberta, advogada, com formação cristã, uma dessas mulheres que nos apaixonam pela beleza interior. Para ela a religião deveria imunizar-se contra o fascínio do poder econômico (1) e do proselitismo, neste caso intimamente ligados. Tinha Jesus como modelo, amava São Francisco e era devota de um santo, que fora doutor em Direito Civil, São Caetano (2). Por economia, não vamos nos aprofundar no porquê o destino une criaturas tão diferentes (3).
Nicolau desencarnou primeiro (1900-1958). Ela chegou à casa dos noventa. Mas que fatos e principalmente idéias são dignos de relato?
O aparecimento de uma terceira pessoa não pode ser deixado de lado. Antes vamos lembrar que Nicolau acreditava na possibilidade de se constituir um estado a partir da experiência real sem a necessidade de levar em conta os valores éticos, religiosos ou espirituais.
Norberta pensava diferente. Com cultura diversa acreditava que, para isso, era necessário um conjunto de amplos princípios a partir dos quais se pode compor a ordem.
Nicolau, utilitarista rigoroso, parecia presa fácil daquilo que se convencionou chamar de "fascinação" ou de idéias que subjugam. Ele chegou a acreditar que o fim último era o "Estado", a que tudo deve ser subordinado. Personalidade inflacionada pelo complexo de superioridade chegou a admitir que se o filho batesse no pai sua mão deveria ser cortada. Ela, pacientemente, dizia que isso era costume superado.
Nicolau, que não pensava no bem comum e que tinha um outro conceito de justiça estava irremediavelmente desatualizado em ciência política. Achava que o importante era a técnica, mas não aquela que simplesmente fizesse chegar ao poder, mas que garantisse a permanência nele. Para isso, pensava, era necessário conjugar a força do leão e a refinada prudência da raposa. Era fundamental conhecer as paixões humanas e suas fraquezas, para usar como meio de dominação. Por outro lado, lembrando um antigo costume indiano, acrescentava a necessidade do eventual uso da violência.
Nicolau, sem intenção de trocadilho com o sobrenome, estava mais próximo de Nicolau Maquiavel, enquanto ela de Norberto Bobbio. O casal me fazia lembrar de Carlos Lacerda (ou Marat?), embora por motivos diferentes: - "a inteligência é pecado sem perdão, quando a mediocridade tem poder de decisão". Decidir é o verbo no Estado Democrático de Direito (4).
Norberta, nas suas atividades profissionais, vivia cercada de jovens acadêmicos aos quais procurava orientar oferecendo raciocínio inverso ao do marido.
Dois jovens se destacavam. Rodolfo, o que sempre lembrava o direito-justo e Jorge, que sem esquecer o momento histórico cultural, chamava a atenção para a necessidade do conhecimento da natureza humana, mas enfocada na causalidade e também no plano teleológico.
Norberta percebia que seus futuros colegas tinham absorvido seu pensamento da "necessidade de se conhecer as paixões humanas, no entanto com outros objetivos". Para ela, a democracia podia ser cansativa, onerava o tempo, mas não lhe haviam ainda apresentado coisa melhor. Ela enfatizava que a democracia representativa possui seus problemas, como o "ainda não ter conseguido um poder que não seja controlado por outros poderes", como o econômico. Lembrava que a democracia não havia também conseguido contornar um outro poder, o neurótico (5), aquele que insiste em nos apresentar os mesmos candidatos e que sempre são reeleitos.
Norberta pensava num projeto pedagógico que privilegiasse a educação para a cidadania e levasse ao voto consciente . Para ela o "consciente" seria aquele voto usado não para "decidir" a mudança, mas para escolher o que iria, por nós, tomar decisões. Ela era uma democrata incorrigível.
Nicolau, que não era de ferro, na sexta-feira também ia ao bar com os colegas e chegava tarde... Ele nem pensava numa terceira pessoa e muito menos que sua bela mulher pudesse engravidar. Lembrei-me agora do DNA, do teste de paternidade, do "falso" neto na novela do horário nobre, do oriente antigo e daquele código da sociedade dividida em castas, onde o filho bastardo era um "cadáver vivo".
Hoje no cemitério podemos ler: "Aqui jaz doutor Nicolau Próximo".
Sobrenome peculiar, inesquecível, diferente, como o meu!
Poderíamos acrescentar: - "Homem estressado, que não conhecia bem suas próprias paixões e fragilidades".
Norberta tinha tido um sonho premonitório (6).
Ele veio a falecer, ainda relativamente jovem, mas não antes de se envolver com a secretária, casada com homem violento. No entanto, devo dizer que sua morte não teve nenhuma ligação com o marido enganado. Enfarte da vida!
Norberta desencarnou velhinha, mas feliz, ao lado o filho (legítimo), cercada de netos e bisnetos, que nunca esquecerão suas lições:
- "Democracia deve ser pensada como um processo contínuo. Sem desconsiderar os direitos humanos devemos constituir um ordenamento com as normas, definidoras da legitimidade, de quem deve governar".
O projeto pedagógico de Norberta, que começou entre os seus, certamente vai ganhar novos adeptos, principalmente entre os que se preocupam com o período infantil. Nesse período, crucial da vida humana, é necessário "deixar muito claro" o amor que sentimos por eles e, como lembrava Jorge, enfatizar os seus objetivos existenciais como pessoa (7).


http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.27.htm
Leitura adicional sugerida no texto
(1) I dolar tria
(2) São Caetano
(3) Evidências científicas sugestivas de reencarnação
(4) A escolha de candidatos e O voto consciente
(5) Poder neurótico
(6) Sonhos premonitórios
(7) Importância do período infantil e da religião:
Deixe claro para o seu Filho
Vacinação desafio de urgência
Por que as crianças se suicidam
DR. LUIZ CARLOS FORMIGA é professor universitário da UFRJ e UERJ, aposentado.



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Efeito inteligente
http://www.recantodasletras.com.br/mensagensdeamor/1936051
 
 
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http://www.forumespirita.net/fe/espiritismo-espanol/efecto-inteligente/