Reencontro_a sensação do beijo

Havia algum tempo que não nos encontrávamos, mais precisamente 14 anos, quando o destino, talvez por generosidade, o colocou diante dos meus olhos.

Fiquei surpresa e até meio desconfortável com aquela situação. Aquela presença me fez viver uma emoção desconhecida. É como se o nosso envolvimento, no passado, tivesse deixado algo a ser resolvido. Trocamos telefone, e nos falamos no dia seguinte. Marcamos um encontro. E até chegar o dia combinado, eu não conseguia me conter de tanta ansiedade.

Chegado o dia esperado, senti que ele estava tão nervoso quanto eu. No início o clima foi meio tenso, parecia que estávamos procurando o que conversar. Falávamos coisas sem nenhum propósito, alternando com momentos de silêncio total, como se não tivéssemos nenhum assunto para aquele momento. Eu estava confusa, sem saber como agir. Ainda não entendi o porquê de tanta aflição.

Falamos de trabalho, de filhos, de alguns amigos comuns... rimos à toa... enfim, o tempo passando e eu, angustiada, prestes a perguntar pelo beijo. Sim, eu desejava muito viver isso. Estávamos num barzinho, tomando um refrigerante. Depois ele me convidou para um sorvete, foi quando fomos nos sentar num banco da praça, separados pela bolsa que eu carregava.

Continuamos a falar. E até então, nenhum toque mais íntimo, nenhuma manifestação de carinho, apenas muita tensão. Mesmo não entendendo nada do que acontecia ali, resolvi provocá-lo. Fixei nele o meu olhar, mais cobrando do que pedindo, quando ele, enfim, segurando as minhas mãos, aproximou-se do meu corpo e o tão esperado beijo aconteceu.

Por alguns instantes, eu confesso que saí do ar, se assim posso dizer. Tão macia aquela boca, tão suave, parece que foi feita para mim. O encaixe perfeito, tudo certinho, em total sintonia.

“Que beijo bom!”, eu falei. E ele, interrompendo a minha fala, disse: “desde domingo eu espero por este beijo”.

Aquela boca de gosto especial, de tamanha delicadeza, fez-me voltar no tempo e ver que eu posso, sim, ser feliz, eu tenho esse direito.

Ah, quanta felicidade! Depois do beijo tudo tornou-se lindo. Até meu semblante mudou e ele disse que eu estava com “cara” de menina.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 11/03/2010
Reeditado em 22/07/2010
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