Desisto, não quero mais viver!

A vida não vale apena ser vivida!

Se eu precisar ter coisas para ser feliz, eu prefiro não viver! As coisas são temporárias, e a felicidade que eu quero é uma que seja eterna, porque se não for assim prefiro ser eternamente defunto.

Se eu tiver o conceito de que a vida é um fruto do acaso e que a minha função neste mundo é apenas buscar prazeres em momentos cada vez menores, tenho que concluir que não tem nenhum sentido viver neste mundo.

Se a vida se resume em apenas buscar meus próprios interesses, estarei bem mais seguro desse orgulho e desse egoísmo em um aconchegante fundo almofadado de um espaçoso caixão.

Se para amar uma pessoa eu tenha que esquecer de mim mesmo, vou preferir sete palmos de terra em cima de mim.

Se para adquirir sabedoria eu precisar engolir tudo aquilo que já está mastigado pelos pensadores que viveram antes de mim, pode mandar fazer uma linda lápide com meu nome.

Se eu tiver que fingir que estou feliz embora meu coração estiver cheio de feridas, serei bem mais espontâneo com o formol enrijecendo os traços do meu rosto.

Se para ser rico eu precise deixar alguém pobre, eu escolho dar essa responsabilidade para outro que seja capaz de fazer algo tão desumano.

Se para alguém me amar eu precisar fazer o papel de um personagem que não se parece nada comigo, eu não quero participar dessa existência.

Se para ser uma pessoa bonita eu precisar seguir um padrão pré estabelecido pela sociedade, vou preferir ser apreciado e observado por pessoas talvez emocionadas ao redor do meu caixão.

Se para ter amigos eu antes precise ter “status”, os vermes e fungos que irão me decompor serão incomparavelmente amigos mais verdadeiros.

Se para ser lembrado pelas pessoas que dizem que me amam eu precise morrer, então o problema será resolvido.

Se para dizer a verdade com mais eloqüência eu precise da mentira, então quando eu morrer em vez de velório, façam uma grande festa com uma faixa enorme dizendo "Ele está vivo!".

Mas realmente não sou eu quem precisa morrer de verdade. São todas essas pessoas que pensam e agem dessa forma que já estão mortas. Elas são zumbis contracenando no palco da vida, e eu sou um dos poucos que estão vivos, vendo esses glamourosos defuntos ambulantes.

Na verdade eu não quero morrer, eu apenas quero um mundo diferente desse. Eu vou morrer! Mas somente para esse mundo sujo, e vou nascer para um mundo com novos conceitos de beleza, de felicidade, de amor, de amizade, de sabedoria e de riqueza, enfim um novo conceito para a vida.

Serei lúcido e honesto para perceber onde estou errando, serei sóbrio pra não tomar decisões embriagadas pela emoção, serei fiel aos verdadeiros princípios da vida. Vou sepultar os falsos conceitos de felicidade e ressuscitar a imaculada alegria da criança que existe em mim desde quando eu vim a este mundo.

James Taylor
Enviado por James Taylor em 31/05/2010
Reeditado em 31/05/2010
Código do texto: T2290817