Carlos Drummond e o seu Amor Secreto

Esta é uma das maiores provas que conheci na vida, de que um amor, mantido na plenitude da sua maior pureza, pode durar até a morte... e Carlos amará Lygia por toda a sua vida; o amor deles já é eterno...

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Lygia que amou Drummond. E Drummond que amou Lygia... Uma bonita história de amor entre um poeta e uma bibliotecária.

Ele tinha quarenta e nove anos e ela vinte e quatro, quando, colegas de trabalho, no Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, se conheceram. E se apaixonaram perdidamente um pelo o outro...

Carlos, casado com Dolores Dutra de Morais, não resistiu aos encantos de Lygia Fernandes, bela e culta, e a amou, secretamente, até morrer, em 17 de agosto de 1987.

E foi plenamente correspondido.

Em carta a um amigo comum, 40 dias depois da morte do seu amante, Lygia escreveu:

"Faleceu finalmente na noite de 17 de agosto, segurando a minha mão e enquanto eu falava com ele, entreabriu levemente o olhinho direito como querendo se expressar, mas estava tão sedado e fraco que isso era impossível."

E em outro trecho da mesma carta: "Não me conformo, melhor dizendo, nem acredito que ele se foi para sempre. Converso com ele e ele comigo.

De noite, então, é a hora pior. Era quando ficávamos mais tempo no telefone. Não consigo dormir, esperando que ele me ligue, embora morra de sono e saiba que isso não vai acontecer."

Por que recordo Lygia?

Principalmente porque - que me perdoe dona Dolores Dutra Morais - fui sempre um incondicional admirador do amor secreto de Carlos Drummond pela biblioteca Lygia Fernandes, que, certamente, o fez escrever versos fantáticos.

Tamanha paixão os envolvia, que, ainda na mesma missiva, Lygia, dias após o falecimento do seu grande amor, confessa:

"Não sei como venho aguentando até aqui. Não há meio de acreditar que meu poeta (sim, meu poeta!), amado por mim durante 36 anos, tenha partido para sempre. Não volta nunca mais."