Os três passos.
Teu corpo, possível poço de prazer no momento da posse. Entrega total e desesperada do amor contido. Teus olhos intensa luminosidade, velas de chamas tremulantes.
Lágrimas molham meu rosto nomeando a emoção de estar enfim mergulhada em ti, o perfume dos cabelos em completo desalinho.
O ar denso nos faz abrir a janela de nossas almas para melhor respirar.
Esse nosso jogo não tem fim e até já me esqueci onde foi que começou. Estou presa na liberdade desse encontro, conjunção, louca fusão do querer. Impossível descrever.
Enfim, após soar o alarme, desço as escadas de minhas fantasias. Pés no chão despeço-me polida, mas ao meio partida querendo ficar.
No caminho para casa me pego a pensar que meu coração desobedece qualquer regra que se imponha. Continuo ali. Olhos fixos na mesinha, na estante, no quadro. No corpo a três passos de mim, e entre nós formando uma ponte elevadiça que começa a ranger no momento em o desejo se aproxima.
Tão perto, tão sacro, tão despudorado, transgressor.
Um amor exagerado, inesperado, lacrado prá mim.