Oceanus

Desembarcámos ontem

longamente transfigurados

em ondas ardentes

assaltando marés puras onde

contamos fustigados nos ventos

cada pedacinho de onda navegando

em nossos mares salgados

afogando-nos em predominantes aromas

que perfumam implacáveis oceanus

de vida sorrindo em torrentes

devastadoras,empolgadas

– Reflectem eles

toda a imensidão imparável das marés

fluindo e serpenteando

nossas praias entreabertas lusitanas

com suspiros temperados a bordo de um veleiro

onde navegamos

sem plano ou destino

rumo ao cais de chegada

ávido de silêncios brunindo

no azul marinho excedente

nas margens deste tempo

que se dissipa confidente

– Queria ser feliz

assim que aportes

meu quotidiano submerso

aos olhares cúmplices da noite

Sossegar-te-ei cada dia

quando tua envergadura enxugar tantas lágrimas

derramadas além mar

quando os anjos viajarem felizes nos céus

e nós

repletos de luares magníficos

sepultarmos cada margem

onde pernoitámos ao colo destes oceanus

marulhando tímidos

porque nos embriagámos em torrentes

ornamentadas de paixão

– Vem e naufraguemos nas areias serenas

onde clandestinamente ostentámos

os amores urgentes

os olhares coniventes

as revelações flagrantes

– Vem e inundemos licorosamente

esta agitação marítima que se

precipita esplêndida e adocicada

a estibordo

que nutre excitante nossos oceanus

sorvendo-nos fantásticos

até passar a reverberação

e nós então quase fatídicos

nos entregando nesta maresia

de paz, recíproca

- Enfeita-te entusiástica

rompendo o tempo que se extasia

ao dirimir faminta nossos elos cogitados

no curso palpitante de cada memória

contida neste coração

alimentando os oceanus onde pesco

voláteis aromas de vida

gentis belezas

desencaixotadas no buliçoso

tempo onde translado

tua formosura tão atrevida

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 06/06/2015
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