Declaração de amor

Até pouco tempo, eu não prestava. Estava caído pelas sarjetas e, confesso, até em zonas andava me divertindo. Sei que parece porco e imoral declarar isso, mas sempre deixei claro que não era perfeito. Antes de tudo, sou um cara que gosta desse tipo de diversão. Ao menos gostava. Até pouco tempo, eu nem sonhava. Estava perdido em meus pesadelos e, confesso, não pensava no amor. E todo esse tempo ficou para trás depois de você aparecer na minha vida. Existe uma coisa que inunda meu coração de um sentimento bom, verdadeiramente puro, toda vez que acaricio teu rosto e você me presenteia com um sorriso.

Até pouco tempo eu não percebia o que estava acontecendo com a gente, nosso amor foi crescendo – e eu passei a conhecer um outro tipo de amor, intenso, um amor bondoso que só faz crescer. Até pouco tempo eu nem acreditava nessa coisa de felicidade irrestrita, ao contrário – pensava que tudo deveria tendenciosamente dar errado. E todo esse tempo eu sonhei com você, mesmo sem te conhecer ou nunca ter visto seu rosto pelas ruas pequenas e apertadas da nossa cidade. A verdade é que sempre sonhei com alguém como você, que me completasse e me compreendesse. Sempre sonhei, até pouco tempo, apenas com o meu futuro – era tudo focado no meu trabalho e nas minhas idéias. Agora, confesso, meus pensamentos estão boa parte do tempo sendo direcionados para você, para o seu sorriso. E às vezes o machismo me faz pensar que sonhar tanto com um sonho que está acontecendo – é difícil acreditar que é real, mas é real, e é muito bom – seja algo desses românticos quase veados. Nada contra esses tipinhos, mas são normalmente mais sensíveis e para um homem – e machista – é complicado admitir essas coisas de sentimento.

Até pouco tempo eu não gostava de falar de amor, e talvez apenas abordasse o tema de forma artificial – não sentia o amor, esse sentimento inexplicável e cheio de razões em toda sua antagonia e simplicidade. O amor tão cheio de adjetivos e complicações, mas também tão singelo, tão fraterno. Até pouco tempo, confesso, havia deixado de acreditar no amor.

Foi então, Rê, que tu apareceu. E tudo, ou nada, mas basicamente cada pequeno detalhe do que tu me clareou, do que me mostrou – coisas que provavelmente eu já sabia, mas não queria viver, enfim meu amor, tudo isso, todos os pequenos verdadeiros motivos apareceram no teu sorriso me mostrando um caminho. Até pouco tempo, eu preferia não dizer o que sentia. Contigo sempre foi diferente, eu não só digo – repetidas vezes – como faço de tudo para mostrar através de gestos que esse amor é verdadeiro.

Eu nunca vou conseguir chegar perto de uma declaração de verdade, aquelas poesias épicas capazes de fazer uma mulher chorar. Mas juro para ti, Rê, que vou ficar muito feliz se estas palavras que tiro do meu coração fizerem você me amar. Eu te amo!