O TEMPO É UM CONTINUUM
 
 
18/05/2009
 
 
Hoje, eu faço, ou melhor, eu completo sessenta e sete anos de existência, por isso, é um fardo descobrir que não se é mais o mesmo de outrora.
Todo esse tempo se passou e eu não percebi, mas agora estou me acordando, pois inda pouco eu era um menino, mas agora, esse mesmo menino se acha um velho menino e, como todo menino, ainda se acha adolescente, caprino e arteiro.
Tudo ficou diferente, os meus cabelos ficaram metalizados da cor da prata, a pele já está um pouco enrugada, qualquer esforço por menor que seja a gente se torna ofegante e cansado, a memória de vez quando pifa, (brancos), a potência já se aproxima dos indesejáveis limites, mas a cisma e os sonhos continuam os mesmos.
Se me dessem de presente a oportunidade de reviver esses sessenta e sete anos, eu agradeceria, porque não desejo reprisar nada dessa minha vida passada, eu quero sim, viver somente o futuro.
Agora, se me dessem a oportunidade de viver uma nova vida, tudo novo, nada reciclado, isso sim, eu gostaria muito e faria tudo diferente.
Se isso fosse possível, eu gostaria que tudo fosse diferente e, se assim fosse, eu tenho a certeza de que amaria mais a todos e, em especial, as lindas e graciosas mulheres, essas verdadeiras poesias em movimento.
Gostaria de ter muitos amores, mas na verdade, apesar de gostar de tudo no plural, mas com relação à mulher amada, eu daria para ela tão somente todos os meus amores.
Aprendi muito pouco na minha vida, mas acho que foi o suficiente para bem administrar a minha própria economia de vida. (economia psíquica)
Entretanto, ao mesmo tempo, eu confesso que nada sei, pois também aprendi que, o que eu sei, é apenas uma diminuta gota diante do imenso oceano de conhecimento que ainda está para ser conhecido.

Hoje, do alto do 67º andar do é-difícil da minha existência, eu confesso em alto e bom som que a minha vida foi uma linda história, na verdade, uma onírica fantasia.
Uma fantasia sim, mas mesmo considerando que ela tenha sido o fruto da minha imaginação, eu, sem escrúpulos de consciência confesso que a amei assim mesmo, e vou amá-la até o fim dos meus dias.
Eu não desejo presentes, mas também não desprezo os cumprimentos, pois afinal de contas, a natureza, essa sábia senhora ainda vai me deixar viver e amar muito.
 
 
 
 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 18/05/2009
Reeditado em 02/06/2009
Código do texto: T1601184