Minha filha...

A evolução do homem é, mesmo, uma coisa estranha. Bem, pelo menos vou falar da minha... Você se descobre criança, se enche de sonhos, de forças, de metas e vai à luta. Ganha e perde, aprende e, com o tempo, mais ganha que perde.

Aprendem, alguns mais rápidos, outros mais lentos, outros nem sei se aprendem, que a felicidade nem sempre está no só ganhar.

Com o tempo, começa-se a sentir prazer e felicidade na felicidade dos outros, que lhe são extremamente próximos. Passa mais o tempo e você começa a gostar de ver pessoas e coisas bem estruturadas e corretas, ainda que diferentes de você. Compraz-se com a igualdade, a moral e a solidariedade.

Mais adiante, com novos revezes, às vezes mais duros e surpreendentes, que beiram à raia do inacreditável, você descobre a humildade. Finalmente, vem a contemplação reflexiva. Aquele estágio em que quase nada mais o comove – nem as coisas boas, tampouco as ruins. Você começa, simplesmente, a querer apenas aprender com tudo o que ocorre à sua volta.

Quem, de fora, vê alguém nesse estado, de serenidade muda, às vezes o julga um anormal. Realmente, é difícil entender posições em fases tão distintas. No entanto, todos chegam lá. Quando a vida já lhe reserva pouco tempo para mudanças mais concretas.

Nesse estágio, a tudo e a todos percebemos, quase calados. Quase sempre sem interferir, principalmente quando os agentes são adultos, com seus próprios sensos de livre-arbítrio.

Na paz da serenidade, que absorve com juízo próprio tudo o que lhe acontece, desejo que você se encontre e seja muito feliz.

Feliz aniversário.