Perdoa-me

Perdoa-me quando devia ter te abraçado e não abracei.

Perdoa-me pelas tantas vezes que desviei os olhos e não te olhei.

Perdoa-me pela ausência de egoísmo em que te abandonei.

Perdoa-me pelos dizeres que não disse e te calei.

Perdoa-me por anular tua existência em prol de alguém.

Perdoa-me pelo abandono da prece ao meio sem um amém.

Perdoa-me por tantas vezes ter te forçado a ir além.

Perdoa-me pelas etapas suprimidas também.

Perdoa-me por te enganar com a ilusão do carinho.

Perdoa-me por insistir que fique mais um pouquinho.

Perdoa-me por forçar-te a suportar.

Perdoa-me por insistir em errar.

Perdoa-me pela tua vida sacrificar.

Perdoa-me por não teres reciprocidade no verbo amar.

Perdoa-me a mim por não ter gritado.

Perdoa-me a mim por não ter chorado.

Perdoa-me a mim por ter calado.

Perdoa-me a mim, por ter amado.

Perdoarei?

Não sei.

Talvez minh'alma ainda sobreviva.

Talvez eu quite esta divida.

Talvez eu me abrace e enxugue a lágrima que secou

no canto da alma calada que um dia amou.

E então aquela música que tocava em mim

volte a encantar meus olhares com brilhos sem fim.

E minha criança interna volte a correr pelo mundo

usando Naturezas e Sóis de pano de fundo.

Tenho sido negligente consigo, alma minha.

Acreditei que tinhas a força que eu apregoava.

Deixei tuas fragilidades machucadas, feridas,

enquanto essa minha(tua) vida, esmiuçava.

Dou um basta nessa minha teimosia

em acreditar que tudo mudará.

Mais importante será a vida minha.

Pedras eu solto. Minha alma acordará.

E a estrada começa agora.

A jornada me chama e minh'alma dança

Meus pés iniciam cambaleantes

na valsa da muda esperança.

Sigo acertando e errando

comigo mesma, nessa caminhada.

Me basto, me cuido, me abraço

e por mim, ainda serei muito amada.

***

31/05/2017

Márcia Magal
Enviado por Márcia Magal em 31/05/2017
Código do texto: T6015045
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