A DÚVIDA E A MENSAGEM DO SABER

Tempos atrás ao seguir por uma trilha solitariamente, meus pensamentos fervilhavam de filosofias. Elas provinham de dúvidas que me povoavam a mente: Encontrar-me-ia no ideal e no caminho certo para o fim ao qual me destinava?

Em sonhos eu recebera uma ordem de Deus para aconselhar um chefe de família, que segundo me contara um de seus filhos, ele estava precisando de uns conselhos bíblicos, isto é, ter uma direção para seus ideais humanos, que deveriam ser lastreados na filosofia de Jesus Cristo.

No sonho, pude intuir que os dias do homem em questão estavam contados, e seria mister que ele se adaptasse aos conselhos de Deus, para que tivesse paz e esperança após a morte.

A trilha pela qual eu seguia ficava em meio a uma grande invernada, própria para confinamento de gado. Eu podia avistar a certa distância, uma enorme quantidade de bois búfalos pastando na relva baixa da campina.

Tal contemplação me fazia lembrar de tempos passados, quando junto a meu pai tínhamos que atravessar pastos contendo aquela raça de gado. Foram diversas as vezes que tivemos que correr, quando se destacava alguma rês e vinha veloz em nossa direção.

Dando meus passos fui percebendo que o caminho estava me direcionando a passar justamente em meio a manada do temeroso gado. Do local onde me encontrava eu podia observar alguns deles olhando ameaçadoramente em minha direção; pareciam ser hostis. Fiz uma parada e fiquei em dúvida: deveria continuar ou tomar outra providência? Mas que providência? Na imensa invernada eu não via por perto uma única cerca, árvore, ou buraco! Se visse uma cerca eu procuraria transpô-la, o que certamente conteria um possível ataque; se houvesse uma árvore na qual pudesse subir em caso de emergência, eu poderia ficar no alto aguardando que os animais se fossem dali para continuar o avanço. Mesmo um buraco no solo me seria providencial para me resguardar de possíveis chifradas.

E agora? – pensei – Voltar não me parecia ser a lógica. Até que me passou à mente em fazê-lo, mas fiquei em dúvida devido o compromisso feito com Deus.

Para quem já tivera entreveros com gado daquela raça, como já ocorrera comigo, realmente eu me encontrava com a mente embaraçada; aquilo pelo receio e pela incerteza de cumprir a missão de minha meta.

Bolas! mas eu era um CONVICTO! Eu deveria seguir o rumo que traçara! Voltar seria ser vencido pelo medo. Meu ideal não poderia ser anulado por aquele fator! Mas e a dúvida? Passaria eu em meio a um gado selvagem sem ser atacado?

Ora! Eu deveria mesmo prosseguir! Assim, na força da convicção em servir a Deus, avancei...e fui me aproximando daqueles impressionantes animais com seus chifres retorcidos!

Havia mais de duzentos deles na trilha e proximidades dela. A medida que fui me aproximando, duvidando sempre das possíveis ações daqueles animais, simplesmente eles foram se retirando de minha passagem como se me ignorassem. Transpus a manada em cerca de dois minutos, deixando para traz o ajuntamento, que me pareceu nem terem me visto!

O impressionante foi saber depois, pelo próprio homem a quem eu pretendera aconselhar, que aquele gado era feroz e muitos deles investiam na própria sombra!

Entretanto o fato de eu ter passado em meio ao perigo sem que fosse atacado, adicionado aos conselhos que lhe dei, não lhe fizeram o mínimo efeito para permitir e aceitar minhas palavras, vindo ele a falecer cinco dias depois, proveniente de uma ataque cardíaco, sem que tivesse recebido a mensagem da esperança de uma outra vida além túmulo. Ele era o vaqueiro da fazenda, foi um homem mau para a família e com poucos teve amizades.

Contudo, dias mais tarde eu soube que minha missão não fora em vão. Tal fato se dera em razão de que seus filhos e esposa, ao me ouvirem aconselhá-lo prestaram atenção nos assuntos e se adaptaram à filosofia de Cristo, da qual não eram conhecedores; sendo que a partir dali passaram a ter uma convicção mais profunda para crerem em Deus, e por conseguinte, nas virtudes da esperança de uma vida futura, da qual muitos duvidam, como eu duvidei em entrar em meio à manada!

E o mais interessante foi que na sombra daquelas benções, a viúva e os filhos que muito sofriam com o chefe da casa, (que além de tudo era alcoólatra) receberam muitos bens materiais e vivem atualmente uma vida despreocupada.

Numa conclusão para esta redação, digo que a INCERTEZA, que é a própria DÚVIDA é uma invirtude que tenta impor o medo e anular a mensagem do SABER divino, que outorga esperança e abre as portas dos bens temporais aos que o recebem!