Uva, boi e linho - Dt3

Esta nação que ia entrar em terra que não era sua, mas que era dada por Deus pela injustiça e corrupção dos que lá habitavam, tinham que ser diferentes. Não poderiam se misturar com os povos à sua volta, por mais tentador que fosse. Há muitos relatos diretos desta verdade pelos cinco livros que estamos examinando.

Mas há três figuras muito interessantes no cap. 22 que atestam bem esta verdade. Passam desapercebidas, parecendo ter sua função somente física e temporal. Mas toda a Escritura tem seu cumprimento e alvo primordial o espiritual. Vamos ao primeiro.

“Não semearás a tua vinha com diferentes espécies de semente, para que não se degenere o fruto da semente que semeares, e a novidade da vinha” (v. 9).

A vinha, ou campo de videiras, fala sempre de sacerdócio. É uma pena que não possamos alongar o assunto já que não é objetivo destas notas entrar em detalhamento. Mas se o leitor e leitora quiserem se aprofundar neste assunto, pode ler outro livro deste autor, exposto em ISSUU – “Figueira, Videira, Oliveira – 3 Ofícios distintos”.

https://issuu.com/ministerioescrito/docs/3_arvores

Já vimos que a ordem sacerdotal encabeçada por Arão era exclusiva daquele povo. Seu culto, suas leis, seus sacerdotes eram únicos e não poderiam jamais, em hipótese alguma, misturar-se com seus vizinhos, ou a novidade que o símbolo produziria seria degenerada. Uma passagem basta, que associa a lepra ao descuidado em obedecer seus sacerdotes.

“Guarda-te da praga da lepra, e tenhas grande cuidado de fazer conforme a tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de o fazer” (24.8).

A Igreja lavada no sangue do Cordeiro também corre risco de lepra espiritual, quando associa ou assimila regras mundanas, mesmo debaixo de regras eclesiásticas, ao seu sacerdócio que se baseia na separação, ou mais precisamente – Santidade ao Senhor!

Deus não admite misturas, e a segunda figura trata outro enfoque da mesma questão.

“Com boi e com jumento não lavrarás juntamente” (v. 10).

Se o primeiro símbolo fala de sacerdócio, este segundo fala de serviço. Sob qualquer forma que encararmos este ponto, também não poderia haver mistura. Qualquer hebreu que fosse realizar algo para Deus, não poderia ter ajuda do estranho. Deus não aceitaria ajuda externa para alcançar qualquer objetivo, pequeno ou grande. Vamos ter oportunidade de tratar deste assunto de forma bem clara mais à frente em outro livro sagrado.

Para nós, basta lembrarmos que também a Igreja de Cristo não pode depender das forças humanas, sociais, políticas, que possam advir de qualquer lugar, exceto da própria Igreja em Cristo. Há um preço sempre caro a se pagar quando misturamos estas forças.

O terceiro símbolo fala de algo mais íntimo.

“Não te vestirás de diversos estofos de lã e linho juntamente” (v. 11).

Se usarmos Apocalipse 19.8 como base, “o linho fino são as justiças dos santos”.

Veremos mais à frente que a justiça deriva tanto de Deus quanto do próprio homem. Há algo, por assim dizer, que Deus declara, mas há algo que exercemos com base naquela justiça primeira.

A justiça de Israel, bem como da Igreja, deriva da justiça imputada de Deus por causa do sacrifício do Cordeiro que viria e que já veio. Não é algo que dependa de atos de nossa parte. Somos justos em Cristo e ponto final.

Mas a vida que levamos neste mundo passa obrigatoriamente por atos e atitudes que foram ou deveriam ter sido construídos pela justiça imposta em nós por Cristo. Como ensina a simbologia da árvore e seus frutos.

A lã fala da tentativa de se alcançar o padrão divino por nossos esforços, mas a Palavra de Deus é clara ao afirmar que o suor não tem lugar na casa de Deus.

O justo sempre viveu, vive e viverá da fé, falando de posição recebida ou conduta derivada desta posição. O que nos move é a fé, não as obras. Esta é resultado daquela, e não o inverso.

Seja sacerdócio, seja serviço, seja conduta – SANTIDADE AO SENHOR!

Nossa próxima nota associará a posição da Lei diante da Arca do Senhor.