Sete mulheres e um destino - Is6

Deus sabe o quanto receio aplicações sobre textos bíblicos sem seu devido contexto, visto que nos podem afundar em terreno arenoso. Mas neste caso específico me arriscarei, transportando uma aplicação de um versículo primariamente relacionado a Israel em tempo futuro, para outro povo em tempo não mais futuro.

“E sete mulheres naquele dia lançarão mão de um homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos do que é nosso; tão-somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio [ou grande desonra pública; degradação social; ignomínia, vergonha, vexame]” (Is 4.1).

Vamos associar agora esta imagem com as 7 igrejas de Apocalipse.

“João, às sete igrejas que estão na Ásia... Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer; o mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas” (Ap 1.4,19-20).

Conquanto a simbologia autorizada nesta visão nada fale de mulheres (somente estrelas e castiçais), no entanto a mulher é inegavelmente figura de sistema religioso. Nem precisamos lembrar aquela “mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata [não lemos logo acima – ‘e nos vestiremos do que é nosso’?], e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas [Laodiceia não diz o mesmo – ‘Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta’?]; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundície da sua fornicação; e na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra” (Ap 17.3-5).

Passemos agora a algumas conjecturas para somar à nossa aplicação.

Imaginemos que dentro de alguns meses ocorra o tão esperado arrebatamento – a reunião, e o sumiço consequente, de todos os salvos em Cristo deste período da Igreja (o corpo de Cristo iniciado em Pentecostes). O que ocorrerá com todas as denominações que tiveram alguns dos membros sumidos, mas não obstante muitos outros membros permaneceram? Acho que aquela figura de Jesus é muito pertinente neste caso.

“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22-23).

A última igreja mencionada naquela visão de João, e que tem o dissabor de experimentar este estado de mornidão, é justamente Laodiceia, esta em que eu e você vivemos. Excetuando os que deixarem este mundo pelo arrebatamento, o que restará a este povo – não pequeno – que ficou para trás, envergonhado, em ignomínia e vexame, anunciando ao mundo inteiro publicamente sua desonra? Outra nova divisão será trazida à tona.

Dentro do ‘joio’ total, pois o ‘trigo’ subiu, que adentra o período tribulacional, nova oportunidade de arrependimento e fé será estendida a todos (tanto o ‘joio’ que professava a fé cristã com a aparência de piedade, quanto os que nada professavam).

Aqueles que crerem serão perseguidos até a morte, mas os que não se arrependerem, ou antes, continuaram sem arrependimento e fé verdadeira, terão que buscar uma alternativa de fé e liderança que a embase, que a autentique, que a retire e salve da vergonha pública e global de terem sido deixados para trás.

Somemos então 4 condições deste período especial de sete anos – 1) o ‘trigo’ se foi, deixando um vácuo testemunhal sem precedente do ‘joio’; 2) a retirada global do Espírito Santo, da mesma forma que ocorreu com sua saída do tabernáculo descrita por Ezequiel diante da baixeza moral de Israel; 3) duas bestas que abrirão “a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu” (Ap 13.6); e 4) para arrematar: “Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade” (2 Tes 2.11-12).

Mas alguém poderia neste ponto perguntar: se o ‘joio’ de Laodiceia entrar na tribulação, não seria somente ela a padecer dos 4 castigos catalogados logo acima? O que seria das outras 6 igrejas precedentes (de Éfeso a Filadelfia), visto que a passagem que encabeçamos esta análise afirma que todas as “sete mulheres naquele dia lançarão mão de um homem”?

Vamos prosseguir em próxima nota para não sobrecarregar a leitura.