Sete tempos - Dn4

Em nossa nota anterior, comentamos sobre o desenvolvimento maligno de uma árvore que começou em Babilônia sob o rei Nabucodonosor (Dn 4), e que chegaria até ao céu, ou mais propriamente – confrontaria, competiria e ainda mesmo forjaria uma aliança artificial e corrupta entre o reino dos homens e o reino de Deus. Também insinuamos sobre outra árvore que tem retardado o desenvolvimento final daquela, profetizado por Jesus após sua rejeição por Israel.

“Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; o qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos” (Mt 13.31-32).

O contexto está nos primeiros versículos deste capítulo 13 – “Tendo Jesus saído de casa, naquele dia, estava assentado junto ao mar; e ajuntou-se muita gente ao pé dele”.

É impossível desprezarmos esta ‘dica’ espiritual em forma figurada – Ele “veio para o que era seu, e os seus [seu povo judaico] não o receberam” (Jo 1.11); ordenou que seu evangelho fosse pregado “a toda criatura” (Mc 16.15) simbolizado pelo mar de “povos, e multidões, e nações, e línguas” (Ap 17.15); assim muitos se juntaram a Ele pois foi “crido no mundo” (1 Tm 3.16).

A formação inicial desta árvore espiritual se deu no dia de Pentecostes, quando “estavam todos [exclusivamente judeus composto dos apóstolos e principais discípulos] concordemente no mesmo lugar... E todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.1-4).

Seguindo o que vimos acima sobre a extensão do evangelho aos gentios, o mesmo evento espiritual se passa em outra casa – “caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra [na casa do gentio Cornélio]. E os fiéis que eram da circuncisão... maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios” (At 10.44-45).

Assim, temos ao presente momento duas imensas árvores em estágio final de desenvolvimento – uma que tenta implantar o governo único do anticristo com engano e mentira, e outra que tenta retirar das trevas os seus súditos, pela pregação da verdade do Evangelho.

Esta última, verdadeiramente global pois alcança os salvos de todas as nações, tem se deteriorado ou fermentado de acordo com outra parábola, no mesmo contexto do grão de mostarda que cresce imensamente – “O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado” (Mt 13.33).

Quando tudo estiver finalmente levedado, e entendo que já chegamos ao tempo, esta Igreja mundial em que se aninharam as malignas ‘aves do céu’ será removida do mundo – não como prêmio pela fidelidade, mas como castigo por sua tolerância secular corrupta, aquela mornidão de Laodiceia que tenta agradar aos príncipes das duas árvores.

Há uma mistura de dois espíritos que se embatem no controle das almas – “Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus” (1 Co 2.12).

Quando o Espírito Santo, recebido de Deus pela fé salvadora em Jesus, for removido do mundo – obviamente pela elevação dos cristãos verdadeiros no tão aguardado arrebatamento – o espírito do mundo, ou do anticristo, estará desimpedido para finalizar seu projeto maligno de uma só sociedade misturada, sem forma e vazia do Deus vivo.

“... não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição... E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo” (2 Ts 2.3-8).

A única força santa e poderosa o suficiente que tem detido o iníquo, o homem do pecado, o filho da perdição, é o Espírito Santo atuando pelo corpo vivo de Cristo que é sua Igreja. A verdadeira Igreja não existe sem a unção e atuação do Espírito, e este não atua ao presente momento sem a luz emanada da Igreja.

Pela fermentação contínua e agora ao final acelerada, sua luz tem enfraquecido, e as trevas têm se mostrado cada vez mais atrevida.

Neste contexto final da mornidão de Laodiceia em que vivemos, tanto a árvore que se fazia imensa do segundo sonho de Nabucodonosor quanto a estátua com cabeça de ouro do primeiro sonho, chegarão à sua maturidade final.

Daí podemos concluir o assunto começado na nota anterior que falava sobre o segundo sonho de Nabuco – Uma árvore no meio da terra. Relembremos o contexto.

“Crescia esta árvore [o governo global e ditatorial de Babilônia à época], e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu... e eis que um vigia, um santo, descia do céu... dizendo assim: Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos... Mas deixai na terra o tronco com as suas raízes, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo... Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal [ou de uma besta]; e passem sobre ele sete tempos” (Dn 4.11-16).

Haveria um período de 7 tempos quando a grandeza imperial e única de Babilônia seria interrompida. Nabuco passou pelos seus 7 anos. Mas podemos entender profeticamente estes 7 tempos de duas formas – 1) o período longo da Igreja de Cristo dividida pelas 7 igrejas desde Éfeso à Laodiceia na qual vivemos, interrompendo pela luz do Evangelho o desenvolvimento daquela estátua imperial que Nabucodonosor começou, e esfacelada agora nas múltiplas nações de hoje, e 2) os 7 anos do período tribulacional que se seguirão ao final do testemunho levedado de Laodiceia, quando a besta ou animal que sobe do abismo terá seu coração mudado de homem para uma besta que abre sua boca arrogante contra Deus.

“... e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres... e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” (Ap 13.1-2).

E assim como o grande rei teve de reconhecer por aquela dura lição do passado “que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (Dn 4.17), também “então os gentios temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra a tua glória” num futuro bem próximo (Sl 102.15).

“Proclamai isto entre os gentios; preparai a guerra, suscitai os fortes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra” (Joel 3.9).

“Já se ouve a gritaria da multidão sobre os montes, como a de muito povo; o som do rebuliço de reinos e de nações congregados. O Senhor dos Exércitos passa em revista o exército de guerra. Já vem de uma terra remota, desde a extremidade do céu, o Senhor, e os instrumentos da sua indignação, para destruir toda aquela terra. Clamai, pois, o dia do Senhor está perto; vem do Todo-Poderoso como assolação” (Isaías 13.4-6).

Passados estes 7 anos de julgamento e terror inigualáveis, um período longo de 1000 anos de paz e prosperidade se seguirá, assunto de nossa próxima nota.