SAUDADE SIM, TRISTEZA NÃO!

Hoje faz alguns anos que minha mãe foi para o lado do Nosso Senhor. Parece que foi ontem.

Era uma pessoa boníssima. Falo isso, não por ser minha mãe, mas sim, por tê-la assistido espalhar o bem por este mundo de Deus.

Estava sempre de bem com a vida e continuamente tinha uma palavra de conforto para dizer à pessoa que estava passando por um momento difícil.

Tinha pouca instrução. Lia com dificuldade e não sabia escrever. Eu tenho o grande orgulho de ter ensinado a assinar o seu nome e a escrever bilhetes, para deixar quando saísse nos avisando a onde havia ido. Era muito prática. Só quis aprender na escrita o que lhe facilitaria a vida, mas nem por isso tinha alguma dificuldade em conhecer o dinheiro ou uma compra feita em várias prestações. Fazia as contas de cabeça e muito rapidamente. Eu dizia-lhe que havia aprendido a ser safa na escola da vida onde fez até doutorado!

Tinha mãos de fada para a costura. Era só mostrarem o desenho de algum modelo de roupa, que ela já fazia logo o molde. Ficava idêntico ao original.

Não gostava dos afazeres domésticos, esses ela sabia muito bem dividi-los entre mim e minhas outras irmãs. Parecia que tinha um cronômetro no cérebro, pois demorava o tempo necessário para a finalização das tarefas e quando chegava estava tudo prontinho. Ai, era só elogios!

Tempos felizes aqueles. Tudo eram alegrias e brincadeiras. Mesmo com tantas atribuições, as brincadeiras rolavam soltas.

Um dia nos distraímos com uma nova brincadeira que inventamos e quase fomos pegas no flagra, sem ter finalizado o que ficou relacionado.

Mas como estava falando, minha mãe era semi-analfabeta, mas esperta que só ela. Ninguém a enganava, mas sempre nos dizia que não queria que passássemos pelas dificuldades que ela passou e era dureza no que se referia ao nosso estudo. Hoje agradeço muito a ela, por ser o que sou.

Era amiga, companheira, risonha como ela só. Adorava estar sempre informada de todos os acontecimentos e quando ela dizia, sabe fulano? Ah! Já sabíamos que aquele já era! Estava no país dos pés juntos.

Gostava de ver televisão. Eram novelas, noticiários, programas de auditório. O apresentador que mais gostava era o dono do Baú. Não perdia por nada o Silvio Santos. Era uma tortura aturar aquele senhor o domingo inteiro. Meu pai nem ligava. Estava sempre com o radiozinho no ouvido, escutando o futebol ou dormindo.

Amava caminhar, ser independente e não ter hora marcada para voltar.

Num dia de agosto começou a sentir muitas dores na coxa, perto da cintura.

Foi levada ao hospital. Havia fraturado o fêmur.

Nem nessa hora ela se abateu. Foi corajosa que nem ela só. Deu a volta por cima. A operação foi um sucesso!

Começou a sua reabilitação. Vagarosamente, mas com vontade de melhorar. Gostava de segurar nas nossas costas e andar. Tinha que ver a carinha de felicidade dela! Todos aplaudiam a façanha.

Em um sábado de novembro, começou a fazer planos para a decoração da casa, quando chegasse o Natal: as comidas que iria preparar, o amigo oculto que ia participar, o presente que ia pedir, a relação das pessoas que viriam... E no domingo, logo cedinho foi ela e todos os seus planos, passar essa data com o Deus que ela tanto amava. Deixou-nos de calça curta sem nos dizer como iríamos realizar tantas tarefas sem a ajuda dela. Nem ao menos disse que já estava indo. Foi para o paraíso enquanto dormia deixando uma saudade do tamanho do mundo e que não vai parar de crescer.

Mãe, hoje faz niver, que você se foi.

Sei que estás muito bem, pois por muitas vezes já nos encontramos em sonho, mas quero te dizer o que estás cansada de saber, porém não canso de te dizer...

Amo-te do fundo do meu coração e se tivesse que escolher alguém para ser a minha mamãe, escolheria novamente você. Não mudaria nadinha na minha vida junto com a tua vida.

Olha mãe, você soube me fazer feliz pra caramba!!!!