Venha e veja
Se cada gota dessa chuva fina representasse um segundo
do meu sofrimento, talvez você entenderia por que preciso
sempre vir até a sacada em que você esteve para aliviar um
pouco a dor.
Afinal, a medida em que o tempo passa estando eu nessa sacada,
é como se as gotas finas diminuíssem mais e mais,
chegando a ponto de sumir. Eu sei que isso é uma ilusão:
a chuva tem caído há um mês e não há previsão de acabar.
Eu não sei quando você virá, mas também não ficaria feliz
em saber. O que me fez, machucou muito; mas sei que não é
culpa sua o meu sofrimento.
E quanto maior a raiva que sinto, mas vontade tenho de te ver.
Sua ausência me faz ver o mundo mais cinza, as comidas sem
Sabores, o perfume sem cheiro, as pessoas sem vida.
Você sabia que era a causadora da minha alegria, dos meus
desejos, das minhas conquistas, das minhas vitórias,
dos meus sonhos.
Você acreditava que, para todas as perguntas, existia
respostas, e que não adiantava ficar indignado com as brigas,
com as discussões, com as oposições e com desentendimentos.
E por isso eu tenho que te agradecer, pois só agora eu percebi
o quando estava certa. Desculpe minhas discórdias.
Mas fazer o quê? Você não está aqui. Muito menos sabe que está
chovendo e faz frio.Não sabe também que eu te espero nessa
sacada há meses. E não sabe o quanto quero recomeçar.
(Belo Horizonte 05/08/2004)