SAUDADES DE UM ÁS*

Vinte anos são contados.

Manhã de uma quarta-feira,

num hospital do Recife.

Com toda a fama e cartaz,

vai-se embora um grande ás,

o cantor Luiz Gonzaga.

Tocador, cantor do povo,

para o Brasil, G o n z a g ã o.

Ás, de fato, sem balela.

Artista, “cabra da peste”,

um trovador do Nordeste,

símbolo dos sanfoneiros.

Soltando canto às estradas,

nos quatro rincões do mapa,

quão nos mexeu com plateias!

Dos litorais aos sertões,

fez jorrarem emoções,

com voz e aboios plangentes.

Vinte anos sem Gonzaga,

o nosso Rei do Baião!...

Foi cantador de “Assum preto”

e a lindeza de ”Asa Branca”.

Com sua voz sacrossanta,

tinha uma flauta na glote.

Somente “A triste partida”,

na letra do Patativa,

diz das canções bem gravadas.

Se a poesia é cantar,

na cantiga popular

ninguém lhe foi mais poeta.

Vinte anos bem contados,

e mais pobre o cancioneiro

deste País de importados,

onde valores nativos,

estando mortos ou vivos,

ficam de fora da mídia.

Saudades, pois, nesta data,

dia do adeus de seu “Lua”,

como os iguais o chamavam.

Na certa, no céu há festa.

Gonzagão fará seresta

a todo o Brasil, saudoso.

Fort., 02/08/2009.

* * *

(*) Luiz Gonzaga do Nascimento, de

Exu, PE. Um ícone do cancioneiro do

Nordeste e do Brasil, recordista em

gravações. Faleceu aos 2 de agosto de

1989, vitimado por pneumonia e osteo-

porose. Notabilizou-se pelo cultivo aos

ritmos do xote, baião, forró e xaxado.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 02/08/2009
Reeditado em 05/05/2014
Código do texto: T1732501
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