À minha avó...

Quando muito se ama, muito se doa e muito se faz... Também muita saudade deixa;

Devo muito do que sou ao que me ensinou a ser...

Devo muito do que aprendi a fazer, pela atenção que sempre me dedicou...

Se eu acredito num amor infinitamente fiel e belo, foi porque me ensinou.

Minha avó foi/é uma daquelas pessoas que o tempo não será capaz de fazer esquecer.

Eu a perdi fisicamente, e os céus ganharam novo brilho.

Saudades é um sentimento que só floresce a medida que o tempo caminha, e em apenas um dia já me consumiu por inteira.

Arrependo-me não ter passado mais tempo do seu lado,

Arrependo-me não ter ouvido com maior apreço suas queixas,

Arrependo-me não ter sido mais neta enquanto pude...

Hoje eu vi o terço em suas mãos, flores em volta de ti, e murmúrio em oração, apertou meu coração...

Eu gostaria de poder voltar no tempo, gostaria de lhe dizer o quanto foi e representou na minha vida...mas foi tarde demais... estou incapaz e apenas em lamentos...

Agora conto o tempo, para tirar de mim a imagem de seus olhos fechados e face pálida...

Quero comigo carregar boas lembranças... Café com farinha, bolinho de chuva e sua admiração pelo Alexandre Garcia...

Da última vez que há vi, disse que ainda daria tempo de namorá-lo e de olhos fechados com o cansaço concordou comigo e sorriu...

Incapaz de me lembrar de outras coisas mais, só desejo que fique em paz...

Que toda dor enquanto viva no físico sentiu,

Possa agora junto do Pai, transformar em risos que lhe acompanhe pela eternidade no paraíso.

+27/11/2011

Fernanda Pinheiro
Enviado por Fernanda Pinheiro em 28/11/2011
Reeditado em 28/11/2011
Código do texto: T3361102