Saudade

Essa noite tive um momento daqueles em que as lembranças afloram como se quisessem fazer voltar o tempo. Bom seria se essa felicidade fosse possível.

Estava ouvindo música, quando no rádio tocou uma que me fez reviver muitas coisas boas que vivi com você. A lista das canções que me trazem você de volta é extensa, mas a de ontem era especial, você dizia que a ouvia pensando em mim.

Parti para um profundo mergulho no passado que, inevitavelmente, trouxe a tristeza me acertando feito um punhal. Pensei no tanto que você me deu de alegrias, e nas diversas vezes que me amou, tentando camuflar a dor que senti.

E então me veio o seu cheiro, a sua cara de menino safado na hora do amor, o seu jeito suave de me beijar, as declarações que me faziam entregue. Cada gesto seu ficou marcado em mim.

Engraçado que até o toque do meu celular me lembra você. Houve um tempo em que, parecendo um inimigo, ele se recusava a tocar. Eu esperava por uma ligação, uma mensagem, que fosse, e ele lá, quietinho. Ao ouvir o som indicando que uma mensagem havia chegado, meu coração disparava, porque eu já sabia que era você.

Trocávamos mensagens por e-mail diariamente. As ligações telefônicas eram frequentes. Quanto às promessas, e as juras de amor, não as relato aqui, porque em verdade não existiram. Se houve (há) uma ilusão, eu mesma a criei, eu mesma a quis.

Recordar essa passagem da vida, em que estive ao seu lado, faz-me lembrar que estou viva, e que ainda posso continuar, mesmo sem você.

E, quanto a ser feliz, só depende de mim. Eis o grande desafio.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 09/01/2012
Reeditado em 09/01/2012
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