Retoques na memória

Estou a pensar por horas afio, na vida que já vivi.

O tempo, velho camarada se encarrega de retocar as memórias,

que no momento me parecem um tanto apagadas.

Aos poucos tudo de conserta, remendos aqui e acolá… Pronto não há

mais necessidade de retoques, tudo está no seu devido lugar.

Já não sinto necessidade de saber o que foi, e por que foi, pra que saber, já passou mesmo!

Na verdade penso na vida, rio do nada, brinco com as palavras entre

sorrisos, escancaro as portas do coração.

Sinto um estalo na alma, que será isso! Será que min’alma está inquieta?

Mas aos poucos ela se acalma, silencia, adormece!

Fico ouvindo o vento soprando fortemente, parece que ele fala com as paredes, e por incrível que pareça as portas e as janelas, respondem entre um ranger e outro. A noite é longa, o sono foi passear e ainda não voltou, vou esperar, não vou chamá-lo, quando ele quiser ele retorna.

Enquanto isso fico observando a última estrela que ainda brilha no céu.

Será que ela também perdeu o sono, por isso continua sozinha a brilhar?

Ela não vai me dizer isso, eu bem sei!

Lentamente a noite retira seu véu, a aurora desponta no horizonte.

As figuras da minha memória desfilam acenos, acenos sem sorrisos, sem palavras, só acenam e vão embora!

SP/09/2012*