Faz tempo.

Faz tempo.

De repente, do nada, lembrei de algumas coisas da minha infância e adolescência. Saudade da convivência com tias e avós maternos.

Lembrei da casa deles, peça por peça, detalhe por detalhe. Do armário da cozinha, tipo cristaleira, das xícaras que adorava olhar, da mesa comprida com o banco encostado na parede. Fogão à lenha no canto, perto da porta, ao lado, o banquinho com o balde de água.

O primeiro quarto, onde tio Urbano dormia, o grande e misterioso baú que ficava aos pés da cama, a pequena prateleira defronte à cama, cheia de revistas das tias.

O quarto da frente, da vó e do vô. Um enorme guarda-roupas, de madeira maciça, preto, com 2 gavetões, onde eu ia espiar e fazia questão de pegar nas mãos, um sabão em flocos que viera da Alemanha, trazido por não sei quem.

A sala minúscula, mesinha redonda com guardanapo de crochê, onde nos escorávamos na janela, apreciando apenas olhar para fora, pois só havia um mato, que ainda existe, defronte. E o cinamomo, onde fazíamos nosso balanço, ou onde os irmãos brincavam de Tarzan.

O quarto do meio era das tias. Depois que a tia Edla casou, ficou todinho para a tia Vinilda.

Lembrei da alegria de quando meu pai permitia que eu fosse dormir na casa da Frida vovo, sábados à noite. Principalmente, depois que a tia Vinilda voltava de suas viagens.

Pra quem não sabia, ela fez várias viagens com amigas, conhecendo cidades que eu não conheci, ainda.

Depois do café, como nada mais havia a fazer, íamos para a cama. De casal, estreita, colchão de palha. Tia Vinilda começava a contar de suas viagens, como iam, aonde iam, o que faziam, pessoas que conheceram.

Lá pelas tantas, o Cól vovo ( Vo Carlos Vicente), começava a resmungar porque nossa conversa atrapalhava o sono.

Lembrei também, que enquanto tia Vinilda lavava a louça, eu secava, cantávamos em dueto canções da época, fazíamos competição para ver quem tinha o maior nariz, ou língua. Risos.

Não há um dia em que eu deixe de agradecer a Deus pela dádiva de ter tido e ter ainda, essa família amada e amorosa. Ainda que não nos vejamos com a freqüência que deveríamos, cada um de nós sabe que pode sempre contar com a família.

Aqueles que já nos deixaram, recebem, com certeza, com imensa alegria esse carinho, esse amor que sentimos por eles e que deles aprendemos. ( 31/10/2012)