MY DELIVERER

“Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado ara ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus”. (Rm 1:1).

Nós, cristãos do século XXI, estamos muito longe da cultura dos tempos bíblicos. Neste versículo três palavras evidenciam a convicção que o apóstolo Paulo tinha a respeito (1) de quem ele era em Cristo; (2) para o que fora chamado e, (3) qual o objetivo desta chamada.

• Quem ele era em Cristo? Servo.

• Para o que fora chamado? Para ser apóstolo.

• Qual o objetivo? Ser Ministro do Evangelho.

Entretanto, a certeza que ele tinha de chamada e separação para o Ministério da pregação do Evangelho foi gerada em seu interior pela consciência que ele tinha de ser servo de Cristo, pois, somente aqueles que entendem o que é ser servo de Cristo, submetendo-se à vontade e direção d’Ele podem discernir o propósito da vocação para a qual são chamados:

“Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos”. (MT 11: 25)

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;” ((Ef. 1:17,18).

Diante disso vamos nos deter apenas na primeira parte do versículo: “Paulo, servo de Cristo Jesus...”

I – O QUE SIGNIFICAVA SER ESCRAVO

a) - O servo, ou escravo, era considerado como objeto de consumo, um produto, uma ferramenta de trabalho;

b) - E, como tal, o escravo não o direito de expor seus pensamentos. Para algumas pessoas escravo não tinha sequer alma;

c) – Aqueles que tinham posses iam aos mercados, assim como as pessoas vão hoje aos shoppings centres, fazer compras de escravos;

d) – Os senhores de escravos tinham direito à vida e a morte sobre seus escravos;

e) – Os escravos somente tinham direito ao que os seus senhores determinavam;

f) – Os escravos não eram alguém a ser considerado, mas alguma coisa para ser usada;

g) – Ser escravo não era uma opção, e sim, uma imposição.

II – COMO SE TORNAVAM ESCRAVOS

a) – Eles não tinham pátria. Os escravos, em sua maioria, eram pessoas de nacionalidades diferentes que se tornaram escravos porque foram vencidos na guerra, por exemplo, o caso de judeus, que se tornaram escravos na Babilônia porque foram derrotados pelo exército de Nabucodonosor;

b) - Eles perdiam sua identidade. A primeira preocupação dos senhores de escravos era mudar o nome deles.

“No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de babilônia, a Jerusalém, e a sitiou. E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu deus. E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes, jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus. E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, para que no fim destes pudessem estar diante do rei. e entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias E o chefe dos eunucos lhes pós outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abedneg”. (Dn. 1:1-7).

c) – A maioria dos escravos perdera suas famílias, pois, foram arrancados violentamente da presença dos seus ente queridos, prisioneiros, ou vendidos ou trocados por mercadoria;

d)– Sem pátria, sem família, sem identidade, sem direito a expressar seus pensamentos e sentimentos, ou seja, sem nenhum tipo de liberdade. Além de ser considerado uma coisa, era alguma coisa de nenhum valor.

III – O SERVO DE CRISTO

Hoje em dia a idéia de escravo está fora de moda. Vivemos um tempo de plena liberdade, pelo ao menos teoricamente. Cada um faz o que bem entende ou pensa. A liberdade é o assunto em pauta e, a própria Constituição Federal, a lei máxima do país, garante ao cidadão este direito. Que bom que seja assim. O diálogo é a porta de entrada para o entendimento. Entretanto, em função desta abertura nos relacionamentos e diante de um tempo em que a comunicação está altamente interativa, a idéia de ser servo de alguém é de difícil assimilação e, principalmente, se submeter a tal idéia. Porém, ser servo de Cristo é totalmente diferente da visão que se tem de escravo. Vejamos, por que:

1 - O SERVO DE CRISTO TEM UMA IDENTIDADE: Ele é chamado de filho de Deus. É introduzido em uma grande família pela adoção. É chamado pelo seu próprio nome, e, futuramente, assim que chegar na Glória, receberá um novo nome celestial.

2 - O SERVO DE CRISTO TEM UMA PÁTRIA: O servo de Cristo é um cidadão dos céus, não um forasteiro e nem estrangeiro. Tem uma nacionalidade, pertence ao povo escolhido, a nação santa de Deus, e, cuja pátria é a Jerusalém celestial.

3 - ELE É O TEMPLO DE DEUS: O servo de Deus não é qualquer coisa, não é um mero objeto, em Cristo ele se torna Templo de Deus, morada do Altíssimo. O espírito Santo como o dom de Deus habita no coração do servo de Cristo. O nome, o poder e as promessas de Deus estão à seu alcance e sobre a sua vida

4 – AO SERVO DE DEUS É ORDENADO ANUNCIAR A PALAVRA: O escravo não tinha o direito de se expressar, ao servo de Cristo é lhe dado o mandamento de não se calar.

5 – O SERVO DE DEUS É UM INSTRUMENTO PARA A GLÓRIA DE DEUS: O servo de Deus não e um instrumento para trabalhos forçados. O servo de Cristo é um instrumento para manifestação da justiça e da glória de Deus. E, qualquer trabalho realizado para a glória de Deus não é pesado, porque o fardo pesado o Senhor tem levado por nós.

6 – O SERVO DE CRISTO FOI RESGATADO POR UM GRANDE PREÇO: O servo de Cristo foi comprado com o que há de mais precioso no universo: o sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

7 – O SERVO DE CRISTO PASSOU DA MORTE PARA A VIDA: Os senhores de escravos tinham o direito da vida ou da morte sobre seus escravos. Aos seus servos Jesus veio trazer vida abundante e vida eterna.

8 – O SERVO DE CRISTO HERDARÁ UM REINO: Os escravos possuíam somente o que os seus senhores quisessem. Os servos de Cristo herdarão um reino.

9 – SER SERVO DE CRISTO NÃO É UMA OPÇÃO, E SIM UMA NECESSIDADE: As pessoas não escolhiam ser escravas, era uma imposição dos vencedores aos vencidos, aos derrotados na guerra. Ser servo de Cristo também não é uma opção dentre muitas, no que diz respeito a vida espiritual, é uma necessidade, porque não há outro caminho para alguém achegar-se a Deus, somente através de Jesus Cristo é que a humanidade encontra o caminho da salvação. Ser servo de Cristo é ser mais do que vencedor, de vencido a vencedor.

10 – O SERVO DE CRISTO É LEVADO À ASSENTAR-SE NA PRESENÇA DO SEU SENHOR: Os escravos não eram considerados como seres humanos, não tinham dignidade e nem respeito. O servo de Cristo é elevado à posição de autoridade para exercer juízo e representar o Reino de Deus na Terra. Participante da natureza divina reina juntamente com Cristo desde já.

CONCLUSÃO: A fé no conteúdo do evangelho é apenas parte do seu significado. Ser cristão expressa confiança e entrega total de vida a Jesus, não é simplesmente concordância intelectual com sua mensagem, antes, significa envolvimento sincero com as verdades aceitas. Crer em Cristo denota uma entrega a Cristo comprometendo-se com o Seu ensino, com Sua Pessoa e com Sua vida, pois a missão daquele que se entrega a Jesus passa ser uma tarefa divina em obediência a um Mestre Divino e com Sua mensagem divina, ou seja, o servo de Cristo é chamado para uma dedicação e consagração incondicional, visível em todos os aspectos de sua vida, amando, honrando, ouvindo, obedecendo, seguindo, adorando e agindo em tudo no centro da vontade de Deus para que o nome de Jesus seja engrandecido. É sendo escravo de Cristo que desfrutamos da plena liberdade nos outorgada por Ele, my delivere e melhor Amigo.