Budismo: Renascimento e os Seis Reinos da Existência

Os Seis Reinos da Existência

“Perambulando pelos Diferentes Mundos”

O venerável Mestre Hsing Yün ensina que um simples pensamento contém o céu e o inferno...

Alegria e sorriso, raiva e choro são estas as formas mais primitivas de céu e inferno, mas ambos são como nuvens- vêm e vão. São estados temporários.

Céu e inferno, com pequena ou grande duração, são meros estados mentais.

Alguns religiosos dizem que o céu e o inferno estão aqui ou ali, como lugares definidos, e que nestes locais seriam reunidos em definitivos os seres que morreram cheios de virtudes ou cheios de culpas.

Para o budismo, esse ensinamento contém metade da verdade, por que acreditamos que a estadia dos seres nesta ( em qualquer) condição é temporária. Afinal, todos os fenômenos do universo são comprovadamente impermanentes, a mente não é fixa por que ela também é um tipo de fenômeno. Sendo também mutável, o que ela cria, ela modifica, assim, as mudanças são naturais e inevitáveis.

Entre os extremos do mais elevado paraíso e do mais fundo inferno, há diversas condições mentais gerando e sustentando outros reinos de existência. Todos os seres experimentam os diferentes estados de existência, pois inquietos movimentam-se daqui para ali. São os Seis Reinos da Existência. Seus nomes diferem de acordo com as escolas budistas, utilizo aqui os nomes que creio sejam mais adequados a proposta da reflexão.

1. Reino Celestial: este reino possui mundos de vários níveis, diz-se que o menor dos deleites deste reino supera o maior dos deleites do reino humano. Tudo que os seres celestiais desejam, possuem, suas aflições, quando existem, são insignificantes (conforme o nível do paraíso.)

2. Reino Semi Celestial: estado inferior ao Reino Celestial e superior ao Reino Humano, neste reino há deleites e realizações melhores que as do Reino Humano, porém os habitantes deste reino ainda sentem insatisfação, inveja e raiva e por isso ainda são sujeitos a muitas aflições.

3. Reino Humano: reino em que há possibilidade de se experimentar todo tipo de sensação,em niveis diversos, como deleites, realizações ou sofrimentos.

4. Reino Animal: é dominado por desejos, violência, promiscuidade e profunda ignorância.

5. Reino dos Fantasmas Famintos: é assim chamado por que os seres deste reino padecem necessidades sem alívio sofrendo remorsos, fome, sede, nudez, miséria, sintomas de doenças, dores e incontáveis outras aflições.

6. Reino Infernal: os seres que habitam estes reinos são chamados seres demoníacos, devido seu profundo estado de revolta, demência e crueldade. Mas são apenas seres humanos, momentâneamente decaídos. Diz-se que o maior dos sofrimentos da condição humana não supera a menor dos padeciemntos deste reino.

Nossa atual condição mental é embrião para futura forma de existência

Antes de nos transferir para algum destes reinos, já nos comportamos como seres celestiais, semi celestiais, animais, fantasmas famintos ou demônios. A próxima existência é mera continuidade e desenvolvimento da existência atual. O Capitulo “a Roda da Vida”, adverte que nos movemos silenciosamente de um para outro reino da existência. Lá também está dito como isso acontece.

Perambulamos pelos reinos por que nossa mente é inquieta e insatisfeita.

As formas humanas e celestiais são apropriadas para ouvir e aprender o Darma, (ensinamento de Buda). Muitos praticam virtudes com desejo de habitar os Reinos Celestiais no pós- morte, seduzidos por uma existência longa e cheia de prazeres. Porém, mesmo nestes domínios há alguma limitação, por fim, decadência e morte, processos lentos, sutis, não agressivos, quase imperceptíveis, mas inevitáveis. Não pratique com esta intenção, com muito esforço você pode chegar lá, mas após certo tempo, por que não praticou para enraizar as causas da iluminação terá de “descer”.

No sentido mais profundo, ora somos pais e ora somos filhos, para os budistas temos vínculos com todos os seres, logo, esta questão é mais ampla. Ou seja, praticaremos para ajudar os seres e não com a intenção de habitar algum paraíso. É inevitável que as virtudes que cultivarmos, se não tiverem forca suficiente para gerar a iluminação, nos faça nascer naturalmente nos mundos celestiais, mas não nos agarraremos a isso por sabermos que somente a iluminação liberta em definitivo.