(imagem: autoria desconhecida)


Budismo Tibetano:
A Roda da Vida, o Ciclo de Nascimento e Morte


A Roda da Vida
“Ciclo de Nascimento e Morte”

“Roda da vida” é o nome do diagrama tibetano que representa o Ciclo de Nascimento e Morte. Toda roda está repleta de ilustrações e no centro estão desenhados um porco, uma galinha e uma cobra. O que estes desenhos dizem?

A forma do diagrama é um círculo, simbolizando que os seres circulam por diferentes reinos da existência, representados pelas ilustrações, e que a vida deles é um ciclo de surgimento, duração e cessação que se prolonga indefinidamente.

Quando uma criança nasce, é a mente renascendo em novo corpo. A mente é contínua e sem forma, o corpo pertence ao mundo das formas. A morte destrói as formas, mas a mente não tem forma. Quando ocorre a “morte”, o corpo é decomposto em suas partes e devolvido aos quatro elementos, que constituem o mundo das formas, feito isso a mente mergulhará novamente no mundo das formas, vinculando-se a um novo corpo.

Buda explica que existem Seis Reinos da Existência, e que perambulamos por eles quando trocamos de corpos. Por que isto ocorre? Por ignorarmos a profunda verdade ensinada por Buda e expressa pelos budistas do Tibet no centro deste diagrama. O centro da roda explica que as respostas para questões como o “onde estamos”, “ de onde viemos” e “para onde vamos”  estão na própria mente de cada ser vivo, ela quem contém as sementes do nosso destino.

O que os desenhos da “galinha” do “porco” e da “cobra” representam? Por que estão exatamente no eixo da Roda da Vida?

Estes animais são os símbolos dos três tipos básicos de pensamentos, denominados pelo Buda como os Três Venenos, a maior ou a menor quantidade deles nos fazer perambular nas formas e nos reinos compatíveis com eles. Estão no eixo ou no centro da Roda da Vida por que nossa vida gira em torno do que pensamos.

Simbologia da Galinha

A galinha cisca, cisca e nunca está satisfeita. Simboliza a ganância.
A galinha cisca dia e noite, come incessantemente e nunca está saciada.
Retrata a insatisfação, fonte da ganância. A insatisfação gera o querer mais e mais, aqui e ali. Quando gananciosos padecemos de permanente aflições gerando pensamentos de medo, ciúme, avareza, etc. que engedram ações que desencadeiam sofrimentos infindáveis.

Simbologia do Porco

O porco é tão confuso que não consegue diferencias suas fezes da comida que recebe. Simboliza a ignorância. Porcos famintos comem de tudo, para eles água e urina, fezes e comida não são diferentes. Retrata o estado de confusão mental, fonte de todas  as ilusões. Os seres humanos querem ser felizes, misturam o certo com o errado e acabam mergulhando no lamaçal do mau carma.

Simbologia da Cobra

As cobras atacam quando se sentem ameaçadas. Simboliza a raiva.
As serpentes atacam os demais seres, pois se sentem constantemente ameaçadas. A raiva é a emoção mãe de todas as emoções negativas, envenenando a mente e o corpo, contaminando pensamentos, palavras e atos, tornando-nos sujeitos a doenças e morte prematura, fazendo-nos agressivos e perigosos aos demais seres.


Com gira a Roda:

• Quanto maior a ganância, moveremos- nos na direção do mundo dos fantasmas famintos, que são seres cheios de aflições e necessidades sem alívio. Havendo atenuantes, o resultado pode ser abrandado para futuros renascimentos na forma humana, sujeitas a fome e a miséria.

• Quanto maior a ignorância agiremos tomados por confusão mental e ilusões, maior será o risco de renascimento em formas animais, vitimas de exploração e escravidão. Havendo atenuantes, o resultado pode ser abrandado para futuros renascimentos na forma humana, contudo, sujeitos a abusos e a servidão.

• Quanto maior e mais freqüente for a raiva, maiores serão os riscos de renascimento no inferno ( no budismo o inferno é um estado temporário). Havendo atenuantes, o resultado pode ser abrandado para futuros renascimentos na forma humana, mas sujeitos a numerosas doenças, ao abandono e a condições humilhantes.

Po outra:

• Se estes venenos mentais forem reduzidos, os benefícios serão as chances de renascimento em corpo humano saudável, numa vida de prosperidade e bons vínculos, ou nos Reinos Celestiais, onde não há sofrimentos.

• Se os Três Venenos forem extintos, o eixo do Ciclo de Nascimento e Morte terá sido destruído. Vitoriosos alcançaremos a Iluminação, e estaremos definitivamente libertos de perambular por este ciclo.


O que está no centro de nossas existências?

Responder-se com seriedade a esta questão é tornar-se consciente do rumo que estamos tomando. Examinar-se constantemente é governar os próprios passos evitando o risco de perder o privilégio de continuarmos renascendo na forma humana, indo perambular em corpos cheios de aflição.

A Roda da Vida adverte que “galinhas”, “porcos” e “cobras” estão vivendo livremente “dentro” de nossas mentes, logo nossas vidas giram em torno disso e somos arremessados inconscientemente de uma aflição a outra.
 
Purificar a mente é livra-se de futuras aflições.

Praticando a generosidade e a paciência, um dia nos tornaremos Buda.
Todos os Budas saem da Roda da Vida que é cheia de sofrimento e morte e eventualmente renascem para ensinar os seres e conduzi-los a iluminação, mas neste caso eles nascem por vontade própria, motivados por grande compaixão a fim de fazer girar a Roda do Darma, a Roda da Libertação.