Juízes Sacerdotes, Tribunais Templos 
 
O Mito de Thémis e Hades
                                                    
Magistrado deriva de magister (latim), equivale a “venerável mestre”, e sentença a “sentir”.
 
Nos primórdios os atos dos juízes eram um culto religioso.  A origem deste culto está na mitologia grega. Thémis era a deusa da justiça, tinha forma de uma mulher, mas simbolizava um princípio da natureza. Os gregos construíam templos e evocavam as forças da natureza, a partir de imagens simbólicas com a intenção de obter o culto a beleza e a harmonia da vida.
 
Naquela época, o sacerdote era respeitado como mediador entre o Céu e a Terra, sua missão era sentir, a partir desta cerimônia devocional, “a voz da Verdade”. A Justiça era celebrada como um ato de devoção aos Céus. Estes homens não cogitavam desonrar os santuários dos quais eram os guardiões. O ritual visava estabelecer e proteger a harmonia e o equilíbrio- dois dos maiores ideais da cultura grega.
                                                                                                                                             
A imagem de Thémis ainda enfeita os tribunais como uma herança desse passado remoto, época em que tais homens estavam engajados no “culto a verdade” e temiam às severas consequências no Reino de Hades (mundo dos mortos), daqueles que aguardavam o devido respeito pela “essência sagrada” contida no coração de cada ser humano.
 
Esquecendo a mitologia para falar de filósofos, Sócrates e Platão também diziam que ao ingressar como náufrago perdido no mundo dos mortos, o espírito errante (sopro de vida sem rumo) vaga na escuridão em meio às pesadas consequências de seus maus atos. Os filósofos gregos têm sido venerados pelas instituições ocidentais ao longo dos séculos, inclusive todos os ramos da ciência, os enaltecem por seus inspirados conceitos e constatações que contribuíram de forma decisiva com o crescimento material da humanidade, mas fazem pouco caso dos valores éticos e espirituais proclamados por eles, que seriam uma poderosa contribuição para o enraizamento de valores mais humanos e menos selvagens na civilização moderna...  
 
A Justiça surgiu para contrapor-se a lei do mais forte, a que sempre imperou nas selvas e nos primórdios da civilização, no entanto, hoje em dia ela mesma restaura essa lei, pois com uma das mãos esmaga o pardal e com a outra liberta o abutre. Como se vê continuamos selvagens...
 
                                              
Mitos não são fábulas vazias, são suaves e indiretos  conselhos dados pelos sábios, advertindo às crianças que brincam com a vida e o destino dos seres aqui na Terra.