MOSTEIRO DO CRUCIFICADO ABRE SUAS PORTAS ÀS VOCAÇÕES SOLITÁRIAS

Mosteiro do Crucificado abre suas portas às vocações solitárias;

O Mosteiro do Crucificado desde sua fundação há alguns anos sempre foi um mosteiro sui generis e com uma proposta diferenciada.

Dezenas de vocações nos procuravam esperando obter em nosso mosteiro o mesmo que obtinham nos demais e a mesma forma de ser monge e fazer liturgia.

O primeiro ponto que trabalhamos até então era a necessidade de um mosteiro menos urbano, mais afastado dos grandes centros populacionais e portanto mais conforme o espírito beneditino dos primeiros tempos do monaquismo.

Uma outra característica foi trazer a idéia da vida beneditina na Igreja Anglicana – algo onde fomos pioneiros.

Dizia um antigo Prior, de renomada experiência, que um mosteiro pelo menos nos seus vinte primeiros anos é um mosteiro em fundação, é um mosteiro laboratorial. Se compararmos com as abadias centenárias, o que são alguns poucos anos?

Mas os candidatos esperavam encontrar algo pronto e não aceitavam o desafio de serem fundadores ou mais, ser alicerce aos futuros monges.

Outras monjas já disseram que os primeiros monges de um mosteiro são como as fundações de uma casa: recebem todo o peso do prédio, estão ocultos nos seus trabalhos e não verão nunca externamente o trabalho que desempenham. É uma missão difícil e sem nenhuma recompensa.

Temos colaborado para que nosso suor possa valer à pena, mesmo sem qualquer ajuda material externa, de quem quer que seja, vamos prosseguindo no puro voluntariado de nós mesmos.

Outro sinal e percepção que tivemos à partir da experimentação, foi perceber que não encontramos pessoas prontas, como candidatos, nem mesmo com as mínimas aspirações necessárias. Eram pessoas que procuravam um “status” eclesial e não exatamente “morrer para o mundo”.

Alguém dirá que o monge é semente que se oculta no solo, desaparecido ele dará frutos. Infelizmente temos encontrado sementes que já querem ser árvore crescida.

Optamos então por vivenciar primeiro a vida eremítica! A vida solitária! Quebramos assim os costumes atuais, mas restauramos os costumes de que desejou nosso Pai São Bento. Portanto, nosso desenho atual é de um mosteiro pobre (absolutamente pobre), rural, silencioso, contemplativo, sem qualquer carreira ou carreirismo eclesiástico, visando apenas ser monges e nada mais.

Com uma seleção exigente, esperam-se candidatos exigentes e percebemos que a maturidade deles pressupõe algum grau de estudos, vivência, vida madura, histórico de vida laboral anterior, e vontade de despojar-se de si mesmos.

A vida do eremita é regulada na Igreja Católica no Cânon 620 e na Anglicana nos cânones diocesanos e de acordo com o parecer do Senhor Bispo.

Não são vocações comuns, mas muito raras – sabemos disso. Portanto o crescimento deve ser não quantitativo, mas qualitativo.

Nosso desejo atual é formar uma REDE DE EREMITAS homens e mulheres, que se vinculem a nosso mosteiro, à nossa Ordem, e vivam cada um em suas casas (ermidas urbanas ou rurais) e tenham laços de espiritualidade, amizade e oração conosco e entre nós.

Continuam como pré-requisitos, a meia idade, vida financeira estável, que os candidatos sejam aposentados, ou tenham uma fonte de renda própria, estável e segura – pois não serão sustentados pelo mosteiro mãe nem tampouco pelo Senhor Bispo.

Que os mesmos candidatos possam e desejem continuar com algum labor de suas mãos, para que isso lhes seja transformado em recurso para seu próprio sustento e que possamos, ao menos anualmente, manter convenções monásticas.

Sabemos que nossa vida é um estilo exigente, mas temos certeza de que há pessoas que esperam essa exigência da Igreja e da sociedade; Pessoas que não querem os modelos já existentes, por seus problemas de convívio com outros; Isso não significa um fugir da vida comunitária, mas talvez, uma chamada de atenção para que os mosteiros tradicionais revejam seus métodos e costumes – ou percebam os pontos onde se afastaram da regra original.

Percebemos que os mosteiros que mais florescem no mundo são aqueles que tem propostas novas, que são baseadas nas antigas. Há paradoxalmente um florescimento quando se busca a “tradição” perdida.

Muitos candidatos nos relatam que saíram de seus mosteiros de origem pelos mesmos problemas e seria infantilidade a Igreja não querer rever seus processos.

Como monges de uma Igreja reformada (Anglicana) temos plena convicção de que nossa proposta é boa e válida e quiçá muito necessária.

Em outros textos, temos falado do “ser anglicano” e suas particularidades. Não temos um pensamento proselitista, mas nos cabe oferecer uma justa opção aos fiéis que estão perdidos “como ovelhas sem pastor”.

Nosso mosteiro está, conforme a tradição anglicana, disposto a receber para esta experiência eremítica monacal, homens e mulheres, de meia idade, solteiros, viúvos, divorciados, conforme permite os cânones anglicanos.

Esperamos estar colaborando para o Reino de Deus, oferecendo a estes vocacionados maduros, da chamada vocação tardia, um encontro consigo mesmos e com o Cristo e Sua Igreja – que aqui lhes acolhe.

Em Cristo,

Irmão Emmanuel-Maria.

priorado@uol.com.br

Padre Efrém Alexandre
Enviado por Padre Efrém Alexandre em 04/05/2010
Código do texto: T2237132
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