Lições da genealogia de Jesus Cristo

1. Deus ungiu um descendente humano salvar a humanidade. Isto nos mostra que os atos de Deus acontecem dentro da história humana, a qual deve desenvolver-se naturalmente dentro de seus limites temporais. O evangelista acrescenta no final da genealogia de Jesus que se passaram 42 gerações desde o patriarca Abraão até o Messias prometido. Deus não atropelou a história. Não queimou etapas, não suprimiu gerações e, por acréscimo: Não coloriu o cenário com cenas surreais. Quem nasceu dentro da genealogia de Cristo não foi favorecido com blindagem existencial. Não foi poupado em suas fraquezas nem impedidos de fracassar. A vida dos antepassados de Jesus foi humanamente comum.

2. O interessante desta genealogia são seus pontos altos, ou personagens que deram raras mostras de fé, embora não fossem crentes nominais. A começar por Abraão que era um babilônio, seguido por Tamar a cananita e Raabe uma prostituta de Jericó. Finalizando com Rute uma moabita. Estas pessoas representam o evangelho no antigo testamento, mostrando que a salvação não se dá dentro de fronteiras étnicas e provincianas. Deus nunca fez acepção de pessoas. Esta postura estreita é desumana. Fechar as portas da salvação para os estrangeiros é pecado aos olhos de Cristo que descende de quatro mulheres estrangeiras. Estas representam o penhor da salvação para todos os homens, mesmo aos que se encontram em antros de perdição.

3. José é o último descendente de Abraão e Davi segundo a carne. Embora ligado pelo sangue e pela história aos grandes da história hebraica, ele não possuía nem de longe as insígnias de glória que marcaram seus pais. Nem a riqueza e prestigio de Abarão, nem o poder e valentia de Davi. Era um pobre carpinteiro de Nazaré, uma desprezível aldeia na Baixa Galiléia. Aos olhos naturais, José seria o último israelita a ser apontado para o cumprimento da promessa feita a Davi. Aos olhos de Deus, ele foi o único israelita justo o suficiente para crer na vinda do Messias por obra do Espírito Santo no seio de sua jovem noiva Maria. Deus não requer que seus vasos de honra ostentem os lauréis dos antepassados, pois a cada um é dado a sua própria glória e oportunidade de servir a Deus com justiça e fé.

4. Maria é a virgem que concebe Jesus, que é o Cristo. Isto ensina que o cristianismo é fruto do ventre humano, da entranha humana, em meio às dores humanas, conforme a profecia de Deus a Moisés em meio a sarça ardente (Ex 3.7-8).

Por Rogério de Sousa em 5 de julho de 2010.