Budismo Zen: O Outono e a Lição da Folha Seca


No outono, a natureza libera a grande árvore do peso dos galhos e folhas secas, para que ela possa se renovar. A natureza ajuda as árvores, pois liberadas do “peso morto”, crescerão belas e serão fortalecidas. Os galhos secos esfacelam-se e as folhas secas caem por si mesmas, por que neles não há mais vida, sendo assim, já não são necessários.

As árvores sempre estarão floridas na primavera exatamente por este motivo: não resistem ao processo de perdas. No entanto, os seres humanos não aceitam com naturalidade as mudanças, mas elas implicam no surgimento de uma nova e inevitável fase em suas existências. Com a mesma aceitação das árvores, não devemos lamentar as perdas, nem nos rebelar contra as mudanças em nossa existência. Quando nos recusamos a aceitar as “perdas”, estaremos, na verdade, agarrados a um “peso morto”, que causará fadiga, desconforto, apatia, doença e infelicidade, dificultando o processo de renovação ao qual, não apenas os seres humanos,mas sim, toda natureza está submetida.
 
Casamentos desfeitos, podem ser folhas secas caindo naturalmente.
A perda de um emprego, poderá sê-lo.
O afastamento de pessoas que julgávamos como amigos, também.
Na morte, a mente é liberada do corpo, como se livra de um peso morto, um tronco seco tombando sem vida.

O outono leva consigo os galhos e folhas secas, permitindo a renovação da floresta, assim como as perdas permitem a renovação da mente. A morte nada mais faz que renovar a vida... As mudanças são contingências inevitáveis.

Estamos em constante mutação. Cabe a cada um de nós decidir se vamos extrair proveito disso ou se vamos nos agarrar ao peso morto, suportando as fases naturais da existência como “golpes do destino” ou “crueldade divina”. Ao “cairem por terra” certas opniões, posição social e relacionamentos, devemos compreender que podemos estar diante de folhas secas caindo e que, caso aceitarmos com naturalidade esses fatos, a serenidade será conservada, bem como nossa força interior.
 
Considere a lição da árvore que não agarra-se revoltada aos galhos e às folhas caindo, afinal, se eles não possuem vida passarão a impedi-la de viver, obstruindo a energia vital que flue naturalmente em cada ser vivo, desde que não bloqueada. É bom cultivarmos a aceitação dos fatos inevitáveis, pois detrás deles há uma razão que nossa mente não sabe reconhecer e apreciar, a natureza, que transcende nossa compreensão, gera, renova e mantém a vida a partir das mutações..