O egoísmo causa feridas profundas na personalidade.Como um câncer, ataca os órgãos vitais do organismo; é como uma árvore do mal que, plantada em nosso coração,produz apenas maus frutos: inveja, a ganância, o orgulho, a intolerância, a falta de compaixão, a brusquidão, a rispidez a indiscrição, a arrogância, a futilidade, a severidade (autoritarismo – dureza), o desamor, que acabam tirando o nosso sossego, minando nossa resistência e transformam nossa vida num inferno na Terra.
A pessoa atacada pelo mal do egoísmo, vai transgredindo, pelo seu caminho, todos os Valores Humanos e, nem mesmo chega a pensar no bem-estar dos outros, apenas faz tudo para satisfazer todos os seus caprichos. Para satisfazer os caprichos do egoísmo, as necessidades básicas de muitos, são esquecidas.
Entrando nos caminhos do Amor encontraremos o remédio, em doses corretas que nos libertará dessa terrível doença que é o egoísmo.
Entrar na Senda do Amor é uma questão de vontade, de mudanças. Depois que estamos na Senda, temos outra visão do mundo: mais ampla, deixamos de enxergar apenas o ângulo permitido pela viseira do egoísmo; o AMOR amplia nossa visão para 360 graus.
O pior momento da Senda é justamente o início, porque exige desapego aos interesses fúteis, exige a cura da ferida, exige a aplicação de muitos curativos por dia, dependendo da gravidade da ferida. O medicamento indicado é o exercício do Amor Universal, e este caminho, o caminho do Amor, única virtude que não terá fim (IIcor18,8), poderá, aos olhos inexperientes do iniciante apresentar-se íngreme, pedregoso, desértico, coberto de espinhos. O iniciante, aquele que ainda permanece do lado do egoísmo, que ainda não cruzou o portal, está habituado a ver apenas as dificuldades, perdendo a visão do oásis, das alegrias, da luz, do Amor Incondicional, que deverá ser o objetivo do nosso Caminho.
Não podemos esmorecer diante das dificuldades que são frutos da árvore do mal – o egoísmo. Esses frutos fragilizam nossas ainda poucas virtudes; precisamos ter o desejo de vencer. A árvore má deve ser arrancada peça raiz; qualquer pedacinho que fique, originará outra ainda mais forte; nossa vontade deve ser vigiada para que o desânimo não a enfraqueça. Quando internalizamos estas idéias, o dor da luta inicial ia diminuindo. O egoísmo é como a dependência química ou alcoólica, de tabaco, é necessário agüentar a e passar pela crise da abstinência, da qual sairemos muito, muito mais fortalecidos e felizes, por termos alcançado a vitória.
A prática do bem deverá ser um ato da vontade e não apenas do sentimento. Nós sabemos que o bem é coisa boa, é coisa certa, então o praticamos porque SABEMOS e não apenas porque sentimos, ou porque é um ato que nos causa simpatia.
Temos uma grande força em nós que deve ser despertada para que possamos vencer o egoísmo e seus frutos. Esta força é Deus, Luz Interior, Deus do meu coração ou como quer que você queira chamá-lo, estará apenas sua decisão de entrar para o Caminho e lhe iluminará, fortalecerá. Aceita-lo também é ato da vontade: você não O vê, pode não senti-Lo, mas Ele ali estará, muito perto, sempre pronto a agir quando solicitado.
Santo Agostinho diz que “ Deus não nos animaria a pedir se não estivesse disposto a atender”. É como um remédio, mesmo que você não acredite no remédio, se os seus componentes estiverem corretos, você não os vê, não os sente talvez nem os conheça, mas, se tomar o remédio assim mesmo, fará seu efeito. É claro que a fé também é importante, tornará a obra mais rápida, menos dolorosa; mas, o que quero, é dizer que, mesmo que você não sinta prazer no bem que faz ou em crer em Deus, Ele está a seu lado e tudo o que de bom você fizer, Ele auxiliará e estará ao seu lado para aplaudir sua vitória.Imagine e, então, se você acreditar e aceita-LO, as maravilhas serão maiores, e também sentidas, saboreadas, e, o que é mais importante: os frutos do egoísmo desaparecerão dos nossos atos. Em lugar dos frutos maus do egoísmo, florescerá em nossas maneiras o Amor e seus frutos:
● da nossa expressão desaparecerá a dureza, a tensão, que darão lugar à doçura, à serenidade;
● nossa voz já não terá a rispidez da arrogância, da superioridade, mas será suave, tolerante; tolerância e suavidade, são marcas da humildade evangélica;
● a brusquidão e grosseria dos nossos gestos serão substituídas pela discrição, sobriedade e mansidão;
●a inveja, o orgulho, o desespero, o sentimento de solidão, cederão lugar à partilha, à cooperação, à compaixão, à esperança;
●sermos humildes, acolhedores, tolerantes, carinhosos, caridosos.
Teremos então alcançado a cura para o câncer do egoísmo; teremos, então, arrancado do nosso coração a árvore do mal teremos, então, libertado a nossa alma do cárcere de uma personalidade doente do egoísmo que a impede de brilhar em toda a sua intensidade. Podemos, então, livres do pesado fardo, andar pelos caminhos do Amor, fortificados pela inefável alegria de Servir; o SERVIÇO é o mais precioso fruto do AMOR, só encontrado, reconhecido e saboreado por aquele que venceu o egoísmo, que VENCEU A SI MESMO.
PRÁTICA
● Em frente a um espelho, treine diariamente uma fisionomia agradável, livre de tenções, carinhosa, cheia de Amor.
● Evite os palavrões, as palavras ríspidas – utilize as palavras amorosas, bondosas, caridosas; se, no momento você não puder dizer boas palavras, então não diga nada, pois, o silêncio será mais proveitoso do que apenas uma palavra grosseira. As palavras grosseiras retiram a beleza da alma e do semblante.
● Evite falar aos gritos ou muito rapidamente como que atropelando as palavras. Estude, treine um falar adequado, não tão alto a ponto de ferir a audição e não tão baixo que haja necessidade de esforço para entendê-lo; fale com calma quando tiver de falar, nunca como se o que tem você tem a dizer precise ser dito rapidamente porque você tem que sair já, sempre correndo, sempre apressado.
● Sobre tudo, OUÇA: aprenda a ouvir; dá pena ver pessoas que precisam pagar um psicólogo para ser seu amigo por cinqüenta minutos para ouvi-la, quando um amigo seria o nosso melhor psicólogo gratuitamente, e para quem também podemos oferecer nossa amizade , a nossa atenção, a nossa calma.
● Se você se sente só, sem amigos, descubra a causa dentro de você mesmo, pois ela NUNCA está no outro. Demoramos demasiadamente para curar nossas doenças espirituais porque, atacados pelo egoísmo, achamos, e até cremos fortemente que a culpa dos nossos males está nos outros, no Diabo, nos espíritos, e, muitas vezes culpamos até o próprio Deus. São as nossas próprias fraquezas, comodismos e atos egoístas, os responsáveis únicos pelos nossos fracassos e imitações.
● Partilhe o mais que puder, tanto os bens materiais como dons espirituais.
● Seja compassivo e tolerante com os mais fracos, mais pobres e mais jovens do que você.
● Haja com o jovem, educadamente. Exigimos, muitas vezes, do mais novo, aquilo que nós próprios temos preguiça se fazer, e não para ajudá-lo a aprender.
● Ao querer saber o porquê alguém está triste, chorando, sofrendo, que não estejamos sendo movidos apenas pela curiosidade, mas, que o nosso verdadeiro motivo, seja o desejo de ajudar, seja a COMPAIXÃO.
● Antes de satisfazer seus próprios desejos, examine se são necessários ou se são apenas caprichos egoístas, então, satisfaça-os ou não, a escolha será sempre sua.
● Ame as pessoas, a Natureza, o mundo inteiro, Incondicionalmente. O Amor Universal, que deve ser a nossa meta, é aquele do “faça o bem, sem olhar a quem”; isto é amor Incondicional, independente de amizade, cor, credo, situação social; ver além da aparência como o grande mestre Miguel Ângelo que via não uma pedra, mas uma imagem que libertava da pedra, daí as belas esculturas que legou à humanidade.
● Se você necessitar procure um conselheiro espiritual um sacerdote ou outro da sua igreja, um profissional da psicologia, mas evite querer alguém para carregar para você as suas responsabilidades de escolher, de assumir, de viver por você. As escolhas são sempre nossas, a missão é nossa. Alguém pode até fazer alguma coisa em nosso lugar,mas não nos poderá substituir.
Ninguém pode assumir a vida por ninguém. Assumir a própria cruz, é assumir as próprias responsabilidades, sem ficar criando limo numa inércia doentia; e, assumir a cruz é justamente o único caminho para a tão cobiçada, falada , buscada e tão pouco encontrada FELICIDADE.