2. LPE - A SEGUNDA CORRENTEZA

Este texto foi escrito em 20 de Maio de 2002

Tive outra experiência como aquela quando de uma viagem, a única para Ciudad del Este, no Paraguai, que fiz no final de 1990 a fim de fazer compras. Durante a manhã circulamos quase que livremente em meio aos transeuntes. A certa hora do dia, depois que procuramos um almoço digno de seres humanos nos restaurantes por ali, em um shopping com aparência de terceiro mundo (o resto se parecia com o oitavo) encontramos algo que, pela aparência, poderíamos comer. Após comer, ficamos algum tempo admirando as novidades tecnológicas no shopping e quando saímos perecia que a multidão multiplicara-se duzentas vezes. Olhando-se de cima, a rua parecia um rio cujas águas levam as pessoas correnteza a baixo. De um lado da rua vislumbramos o local que planejamos alcançar no outro, porém, ao mergulhar na massa compacta que se dirigia para todos os lados, afundamos na correnteza e logo perdi de vista meus amigos naquele imenso e agitado mar de cores, caras e vozes. Muito lutei contra a onda mais poderosa esforçando-me para cortá-la e chegar ao outro lado onde intentava-mos nos encontrar. Porém, a força da correnteza era tamanha que eu, agora sem nenhuma corda, fui levado água a baixo sem conseguir voltar e acabei saindo mais de cento e cinqüenta ou duzentos metros depois do ponto que desejava chegar. Resultou que até encontrar os companheiros perdi o resto da tarde. Essa foi uma nova experiência que tive com águas agitadas que nos levam onde não queremos ir.

Wilson Amaral

Wilson do Amaral
Enviado por Wilson do Amaral em 30/01/2007
Reeditado em 01/02/2007
Código do texto: T363367