Dona Legalidade e seus dois maridos

“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado; eis que Estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” Mat 28; 19 e 20.

Precisamos navegar retroativamente ao pegar um barco andando, como esse; “portanto” é conjunção conclusiva, de modo que associa-se a um texto anterior; qual? “... É me dado todo o poder no Céu e na Terra.” V 18

Eu Sou o Todo Poderoso! Portanto, ordeno: Vão, preguem, ensinem, batizem, atenham-se ao que Eu mandei; saibam que, garanto-vos Minha presença contínua.

A autoridade é crucial em qualquer caso que demande hierarquia. Para os religiosos da época, dados os escritos deixados, a suprema autoridade era Moisés.

Sempre que os ensinos do Mestre pareciam contradizer à concepção que eles tinham de Moisés, O acusavam de blasfêmia, sedição. Quando da purificação do Templo armaram um laço exigindo saber com qual autoridade fazia aquilo.

Não era uma dúvida honesta, antes, uma armadilha para O forçarem a “blasfemar”. Sabendo disso, o Senhor jogou sua maldade no próprio colo. “Jesus, respondendo, disse-lhes: Eu também vos perguntarei uma coisa; se disserdes, Eu vos direi com que autoridade faço isto. O batismo de João, de onde era? Do céu, ou dos homens? Pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do Céu, Ele nos dirá: Então por que não crestes? Se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como profeta. Respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Ele disse-lhes: Nem Eu vos digo com que autoridade faço isto.” Mat 21; 24 a 27

O fanatismo cega. Se, a Lei de Moisés, era Santa, vinda de Deus para ser observada, etc. trazia um “inciso” de onde, novo Legislador viria; leiamos: “Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu; porei Minhas Palavras na sua boca; Ele lhes falará tudo o que Eu lhe ordenar. Será que qualquer que não ouvir as Minhas Palavras, que ele falar em Meu Nome, Eu requererei dele.” Deut 18; 18 e 19

Um como tu, (Moisés) um legislador. Jesus disse que não veio anular à Lei, mas, cumprir; o fez, e anunciou o Evangelho. Justo na introdução aos Hebreus, a “discrepância” entre Jesus e Moisés se desfaz. “Porque Ele é tido por digno de tanto maior glória que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3; 3

O Sonho dado a John Bunyan apresenta o coração humano como um cenáculo cheio de poeira, a Lei como vassoura. Quanto mais se move esta, mais poeira levanta. Aí, o intérprete explica: A poeira é o pecado, a vassoura, a Lei. A Lei não tira pecado, antes, manifesta.

Então, água é borrifada no ambiente, a poeira assenta e pode ser varrida. A água, ensina, é o Evangelho. Era impossível à Lei, a graça fez.

Depois de dois milênios do Evangelho, muitos ainda não o conseguem distinguir da Lei. O âmago foi resumido em dois mandamentos; Amor a Deus e ao próximo. Mateus registra: “Ensinando a guardar todas as coisas que Eu tenho mandado.” O quê, automaticamente elimina Moisés, como meio de salvação.

Adventistas preceituam a guarda do Sábado inspirados num sonho de Ellen White; o de Bunyan apresenta a legalidade como um monte que tem desviado muitos da graça. Se tiver que optar entre dois sonhos pós canônicos, fico com esse, por ser bíblico.

Paulo Ilustra Moisés e Cristo como dois maridos; a humanidade como esposa: “Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro; mas, morto o marido, livre está da lei; não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.” Rom 7; 2 a 4

Quem quer associar a graça com a Lei é qual viúva Saudosa que diz amar o novo marido, mas deseja a foto do finado sobre a mesa; O Novo tem ciúmes. “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” Gál 5; 4

Essas coisas de “Quaresma” “sexta-feira santa” são ausentes nos ensinos de Cristo; uma espécie de “Lei da Igreja”.

O Memorial ordenado não foi comer peixes um dia, nem a encenação da dita “Paixão de Cristo”, antes, a comunhão em Seu Corpo e Sangue na Santa Ceia; “Fazei isto em memória de mim.” Façamos.