O livro de Jó. Capítulo 4.

Então respondeu Elifaz, o Temanita, e disse:

_ Se alguém intentar falar-te, enfadarte-ás, mas quem poderá conter as palavras. Eis que tens ensinado a muitos, e tens fortalecido as mãos fracas, as tuas palavras tem sustentado aos que cambaleavam, e os joelhos fracos tens fortalecido, mas agora que se trata de ti, te enfadas; e, tocando a ti, desanimas. Porventura não está a tua confiança no teu temor de Deus, e a tua esperança na integridade dos teus caminhos. Lembra-te agora disto; qual o inocente que jamais pereceu, e onde foram os retos destruídos. Conforme tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam o mesmo, pelo sopro de Deus perecem, e pela rajada da sua ira são consumidos, cessa o ruido do leão, e a voz do leão feroz; os dentes dos leãozinhos se quebram, morre o leão velho por falta de presa, e os filhotes da leoa andam dispersos.

Ora, uma palavra me disse em segredo, e os meus ouvidos perceberam o sussurro dela, entre pensamentos nascidos de visões noturnas, quando cai sobre os homens o sono profundo, sobrevieram-me o espanto e o temor, que os fizeram estremecer todos os ossos, então um espirito passou por mim; arrepiaram-me os cabelos do corpo, parou ele mas não pude discernir a sua aparência, um vulto estava diante dos meus olhos, ; houve silêncio, então ouvi uma voz que dizia:

" _ Pode o homem mortal ser justo diante de Deus, pode o varão ser puro diante do seu criador." Eis que Deus não confia nos seus servos, e até a seus anjos atribui loucura, quanto mais aos que habitam em casas de lodo, cujo o fundamento está no pó, e que são esmagados pela traça, entre a manhã e a tarde são destruídos; perecem para sempre sem que disso façam caso, se dentro deles é arrancado a corda de sua tenda, porventura não morrem, e isso sem atingir a sabedoria.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 22/08/2015
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